Diário de Emma Carstairs

Vigésima terceira postagem oficial
Diário de Emma, 6ª postagem no diário


Querido Bruce,

Tem sido dias tranquilos, e eu odiei cada segundo. Depois que dei o diário a Jules, ele se retirou para o salão de baile meio pintado para lê-lo. Quando ele voltou, ele parecia pensativo, às vezes sério, mas ele não queria falar sobre o que tinha lido. E Bruce – nem eu. Mesmo sabendo que Jules estava chateado comigo por não ter contado a ele sobre o diário, eu não conseguia explicar por que eu não contei. E quando tentei pensar por que não, minha mente simplesmente pulou a questão, como uma agulha sobre um arranhão em um disco.

Nós falamos sobre outras coisas. Tom Redondo, a maldição sobre a casa, uma carta de Ty, uma carta de Luke da Academia sobre alguns problemas que Dru se meteu com sua colega de quarto. (Eu sinto que isso é um bom sinal de que ela gosta da colega de quarto. É sempre bom ter alguém com quem entrar em problemas.) Mas havia algo distante nos olhos de Julian, algo distante e inacessível.

Eu senti falta dele.

Isso me fez pensar nos tempos ruins quando Julian e eu não podíamos conversar de verdade, e toda vez que eu queria falar com ele eu não podia dizer o que eu sentia, que eu o amava, que eu sempre o amaria, porque era ilegal e impossível. Eu tive que dobrar o significado real do que eu queria dizer em uma conversa comum, então quando eu dizia “Como você está?” ou “Você vai usar o carro hoje?” eu realmente queria dizer: “Eu te amo, eu te amo”.

Eu estava sentada em um banquinho na cozinha esta tarde, marcando caixas. Algumas das coisas antigas da mansão que estamos mantendo para fazer parte permanente da casa. Algumas estão sendo empacotadas para as crianças olharem, verem se há alguma coisa que eles queiram guardar. Há um relógio velho que acho que Ty vai gostar e alguns soldadinhos de chumbo para Tavvy e muitos laços velhos assustadores para Dru examinar. Eu estava marcando o conteúdo de cada caixa com uma caneta quando Julian entrou na cozinha, com uma expressão estranha no rosto.

Me pergunte sobre o diário, Emma.” ele disse.

Eu comecei lentamente. Ele parecia tão estranho e um pouco pálido (talvez seja apenas falta de sol… desculpa, Inglaterra!). Então eu larguei minha caneta e perguntei a ele como estava indo a leitura do diário.

Eu não me lembro.”, ele disse, e então fechou os olhos. Quando ele os abriu novamente, eles estavam em chamas, como se alguém acendesse uma fogueira atrás daquela linda cor azul-esverdeada que eu amo tanto. “Exceto que eu lembro. Eu lembro. Mas minha mente não quer que eu diga isso. Mark me mandou uma mensagem,” ele acrescentou, e eu balancei a cabeça, como se eu soubesse que isso tinha a ver com qualquer coisa. “Ele disse que o diário provavelmente estava enfeitiçado. E claro que está. Você não vê? Há um tipo traiçoeiro de feitiço nele, um que faz você não querer falar sobre isso depois de ler ou até mesmo pensar muito sobre isso.

Claro. Fazia todo sentido — por que eu parecia nunca me lembrar de contar a Jules sobre o diário ou a qualquer outra pessoa; por que eu o mantive escondido debaixo da cama em vez de à vista na mesa de cabeceira. Eu exalei uma respiração trêmula. “Eu me sinto tão idiota –

Não.” Jules estava do outro lado da sala e veio para mim em um segundo. Ele pegou meu rosto entre as mãos e um arrepio percorreu minha espinha. Ele parecia tão sério, tão intenso. Jules teve que crescer tão rápido e em momentos como esse ele quase me assusta com o quão adulto ele parece – não que qualquer um de nós seja criança, e já passamos por muito mais do que a maioria das pessoas da nossa idade, mas há algo sobre a dele presença que pode provocar às vezes, algo como ordenar.

É bem sexy, na verdade.

Não”, ele disse novamente. Ele gentilmente acariciou minha bochecha com o polegar. “Emma. Foi um feitiço. Isso fez você não pensar no diário, literalmente afastou os pensamentos da sua mente – eu sei porque isso também está acontecendo comigo. Você não pode se culpar. Você pode me culpar – eu deveria ter adivinhado o que estava acontecendo. Eu estava muito ocupado me preocupando que você estivesse escondendo algo de mim, quando eu deveria saber melhor.” Sua tom de voz diminuiu, baixa e rouca. “Fique com raiva de mim,” Ele disse. “Eu mereço.

Eu virei minha cabeça, beijei a palma da mão dele. Senti o arrepio que o percorreu. “Não há nada para ficar com raiva,” Eu sussurrei. “Só…

Me leve para a cama.” Eu disse. Eu corei também. Eu não costumo dizer esse tipo de coisa, mas eu não me importei no momento. Os olhos dele se arregalaram e ele me puxou para fora do banco, me levantou entre seus braços. Eu envolvi minhas pernas ao redor de sua cintura, agarrei as lapelas de sua camisa e o beijei. Ele gemeu e me beijou de volta e então ele estava me carregando pela casa, e nós estávamos nos beijando como se não pudéssemos respirar de outra forma. Ele chutou a porta do quarto e nós caímos na cama juntos…

E é isso, Bruce. Nada de mais detalhes para você. Basta dizer que já era um pouco mais tarde e o sol estava quase se pondo quando começamos a conversar novamente, pelo menos em palavras de mais de uma sílaba. Estávamos enrolados nos lençóis estampados, e Jules estava inclinado sobre mim, apoiado em um cotovelo. Eu estava dançando meus dedos para cima e para baixo em seu braço, que estava duro com os músculos (obrigada, treinamento de Caçador de Sombras).

Bem,” Eu disse. “Isso foi bom, mas não tenho certeza se resolveu totalmente o nosso problema.

Bom?” Julian parecia indignado. “Filhotinhos de animais são bons. Pijamas felpudos são bons. A festa de aposentadoria de Kraig foi boa. Isto foi…

Espetacular.” eu disse. “Ai, você está feliz agora?

Espetacular é um começo.

Julian…

Ele sorriu. “Não. Não resolve o problema. O diário tem um feitiço nele e não devemos mexer nele até que o feitiço seja desfeito. Acho que devemos ir no Mercado das Sombras. Ver se podemos encontrar alguém disposto a remover o encantamento.

Você não quer perguntar a Magnus?

Nós não podemos continuar incomodando Magnus.” Ele se sentou, o que me proporcionou uma bela vista. Eu aproveitei por um tempo enquanto ele vasculhava a gaveta de sua mesa de cabeceira. Ele se virou para mim, segurando um pacote embrulhado para presente. Ele estava com uma expressão séria. “Eu queria te dar isso no Dia dos Namorados,” Ele disse. “Mas eu não quero esperar. Eu sei que você disse que não há nada para ficar com raiva, mas ainda sinto muito, Emma. Eu confio em você, inteiramente. Nunca houve alguém em quem eu confiasse mais.

Ele me deu o pacote, o que foi bom porque achei que senão eu poderia chorar. Foi um dia emotivo. O presente acabou sendo uma foto maravilhosamente emoldurada de nós dois na London Eye. Eu não conseguia nem descobrir como ele conseguiu emoldurar, ou quando.

Nós parecemos tão felizes.” Eu disse, encantada.

Eu sempre quero você tão feliz assim.” Julian disse. “Eu quero fazer você tão feliz assim. E vou passar minha vida fazendo isso.

Então eu chorei e ele me beijou, e bem, isso é tudo que você precisa saber, Bruce. Talvez eu lhe conte sobre o Mercado das Sombras quando formos. Até então…

Emma

[Traduzido por Equipe IdrisBR. Dê os créditos. Não reproduza sem autorização.]

Fonte

Siga @idrisbr no Instagram e não perca as novidades
Facebook