Conteúdo extra: Nada a não ser a morte

Esse é o extra das primeiras edições de “Corrente de Espinhos”. Cassie liberou para o público na newsletter de 21 de março de 2023.

Abril, 1904

Um dia quente e ensolarado teria sido ótimo para sua cerimônia parabatai, pensou Cordelia. Mas essa era Londres no início da primavera, e isso era tão lamacento e molhado quanto alguém poderia esperar. Ela seguiu seu caminho através dos caminhos ramificados do Cemitério Highgate, pensando na última vez que ela estevivera aqui, há quase um ano. Quando ela havia seguido James nas sombras. Quando ela deu a Belial seu primeiro ferimento. Apesar da quietude pacífica que pairava sobre o cemitério esta manhã, ela sentiu um arrepio passar por ela.

Quando ela chegou à clareira onde a entrada da Cidade do Silêncio aparece, na forma da estátua de um anjo, um tênue raio de sol rompeu as nuvens, iluminando as árvores. Pequenos botões verdes agarrados aos galhos, um presságio da primavera e do crescimento. A espada do anjo de pedra leve, com sua eterna pergunta, Quis ut Deus – Quem é como Deus? – parecia brilhar.

Ninguém,” disse Cordelia, suavemente. “Ninguém é como Deus.

A porta se abriu: a entrada da Cidade do Silêncio foi revelada. Ela começou descendo os degraus de pedra, as botas ressoando na escuridão oca. Revelando sua Pedra de luz enfeitiçada, ela deixou o brilho branco pálido iluminar seu caminho.

A Cidade do Silêncio, assim como o próprio Cemitério Highgate, tinha um ar de tranquilidade pacífica, como se nunca tivesse sido invadida, como se um terrível exército de Vigilantes nunca tivesse percorrido seus corredores. As gerações posteriores leriam sobre o que aconteceu em livros empoeirados, ela pensou, mas não pareceria real, imediato ou aterrorizante. Apenas outro capítulo de uma longa e sangrenta história.

Lucie queria fazer a cerimônia em outro lugar. Ela havia sugerido um bom número de locais que ela considerou de importância simbólica: Mount Street Gardens, Regent’s Park, no meio da Tower Bridge. Mas o irmão Zachariah educadamente sugeriu que todos, incluindo as próprias Lucie e Cordelia, se beneficiariam de um retorno à tradição, e o irmão Jeremiah apontou menos educadamente que a Lei era a Lei, e não havia simplesmente cerimônias parabatai em qualquer lugar que alguém quisesse.

Cordelia sabia exatamente por que Lucie estava relutante em realizar a cerimônia na Cidade do Silêncio. Ela lhe dissera uma dúzia de vezes para não se preocupar: que ela, Cordelia, estaria ao lado dela em todos os momentos. Ela sabia, no entanto, que Lucie estava assombrada: assombrada pelo medo do que poderia acontecer – que sua conexão com Belial, embora quebrada, poderia mostrar sua cabeça feia novamente.

E talvez ela estivesse certa em estar preocupada. Cordélia não saberia dizer. Tecnicamente, a cerimônia era aberta a qualquer Caçador de Sombras que quisesse comparecer, e ela tinha uma pequena preocupação com a possibilidade de uma grande multidão aparecer. Muitos curiosos tinham vindo ver James e Matthew fazerem seus votos, ela sabia, mas James tinha explicado que a maioria deles só queria ver se ele, filho de uma feiticeira, explodiria em chamas no momento em que ele começasse a falar as palavras cerimoniais.

James e Alastair estavam atuando como testemunhas de Lucie e Cordelia, e Cordelia suspeitava que eles haviam divulgado que apenas a família era desejada naquele evento. E para surpresa de Cordelia, as pessoas pareciam ter ouvido. Não houve nenhuma multidão em torno das portas maciças da câmara cerimonial quando ela se aproximou, colocando sua pedra de luz enfeitiçada em seu bolso enquanto tochas acesas tomavam conta da tarefa de iluminar a Cidade dos Ossos.

James e Alastair vieram mais cedo (junto com Sona, Jesse, Will e Tessa), para que o irmão Zachariah pudesse orientá-los em seus deveres de testemunhas. Cordelia poderia ter vindo também, é claro, mas ela queria fazer essa viagem sozinha. Isto parecia para ela como parte da cerimônia. Ela acordou naquela manhã com uma sensação de excitação silenciosa. A coisa mais próxima que ela poderia comparar foi a sensação que ela teve no dia em que se casou com James, e mesmo assim, ela pensou que, apesar dos votos e a cerimônia, a mudança que ela estava fazendo em sua vida era enorme, mas temporária.

Isso era enorme, mas permanente. E ela queria entrar nisso sozinha – não como esposa de James ou irmã de Alastair, não como nora de Will e Tessa ou amiga de alguém. Ela queria se apresentar apenas como Cordelia, despida para si mesma e para sua alma, pronta para oferecer essa alma a Lucie.

Só que quando ela entrou na câmara – uma das maiores que ela já tinha visto, com paredes de mármore variegado e círculos enegrecidos no chão por cerimônias anteriores – Lucie não estava lá.

A iluminação da sala estava fraca. As velas nas paredes estavam escondidas atrás de suportes dourados esculpidos, que lançavam luz estampada no chão de mármore.

De um lado da câmara estava a família de Cordelia – sua mãe, segurando Zachary Arash em seus braços, sorriu com orgulho quando ela entrou. Do lado dela, tia Niloufar, que parecia estar dando um sermão severo em Alastair, apontando o dedo para ele. Alastair assentiu com uma expressão no rosto que Cordelia sabia que significava que ele estava prestando quase nenhuma atenção. Seus olhos encontraram os de Cordelia quando ela entrou e piscou para ela, o que provocou uma nova bronca de Niloufar.

Do outro lado estavam Tessa e James, que lhe mandaram um beijo. No centro da câmara estavam Jem, que levantou a cabeça para acusar a chegada dela, e Will, que estava conversando profundamente com Jem. Outros Irmãos do Silêncio estavam ao redor câmara – o irmão Shadrach carregava um incensário cheio de incenso fumegante, enchendo a sala com um aroma doce e picante, e vários outros Irmãos estavam nos pontos cardeais da sala, imóveis, de mãos postas.

Jem estava com a cabeça descoberta, algo incomum para um Irmão do Silêncio. Conhecendo-o, Cordelia pensou que provavelmente era para o bem dos reunidos, que tinham todos ficado um pouco nervosos ao ver mantos cor de pergaminho nos últimos meses. Ele pareceu dizer algo para Will, silenciosamente, então se virou e deslizou em direção a Cordelia.

Estou feliz que você esteja aqui, prima, ele disse silenciosamente. A luz fraca brilhou na mecha branca que cortava seu cabelo preto. Lucie – sinto que ela está preocupada. Ela passou por aquele arco, virando a esquina. Talvez se você falasse com ela…

Cordelia sentiu uma súbita onda de pânico. E se Lucie não conseguisse se fazer passar por isso? Ela olhou ao redor para ver se todos estavam encarando, mas eles pareciam ocupados.

Vou repassar os deveres de Alastair e James com eles novamente, disse Jem. Só para me certificar de que eles estejam bem preparados.

Obrigada,” Cordelia respirou, e saiu silenciosamente, através do arco, e para a alcova rasa além. Era um espaço pequeno e circular, cujo teto subia bem alto, como se estivesse no fundo de um poço gigantesco. Lucie estava inclinada contra uma parede de pedra, balançando a cabeça; Jesse estava ao lado dela, com a cabeça baixa, murmurando baixinho. Havia amor e preocupação em sua voz, mas ele se virou quando Cordelia entrou, uma expressão de alívio cruzando seu rosto.

Daisy está aqui”, ele falou, beijando a cabeça de Lucie. “Fale com ela, tá bom? Ela vai entender. Mesmo se você não quiser mais.” Os olhos dele encontraram os de Cordelia: tenso, preocupado, mas não existia nenhuma tensão na voz dele. “Ela entenderá, Luce.

Lucie disse algo inaudível. Um momento depois, Jesse saiu da alcova, dando a Cordelia um sorriso pesaroso ao passar por ela.

Estavam apenas Lucie e Cordelia na alcova agora. Lucie estava pálida, as costas encostadas na parede como se ela estivesse encurralada. Mas ela tentou sorrir para Cordelia. “Olhe só você”, ela disse.

Olhe para nós”, Cordelia respondeu. As duas estavam usando o uniforme cerimonial, criado apenas para a cerimônia – calças e túnicas até as coxas com mangas largas, os punhos e as bainhas bordados em prata com a runa parabatai. “Luce – se você está assustada…” ela respirou fundo. “Nós não temos que fazer. Eu amo você, você sabe disso. E eu quero ser sua parabatai. Mas mesmo sem a cerimônia…

Eu sei”, Lucie falou suavemente. Ela olhou para Cordelia. Como sempre, seu rosto delicado e grandes olhos num azul-Herondale contrastavam estranhamente com a escuridão do poder que ela tinha: nada nela sugeria fantasmas ou morte ou espíritos inquietos. “E eu sei que minha conexão com Belial já se foi. Mas eu estou tão preocupada – e se algo ter errado –

Eu não acho que vai”, Cordelia falou. “Mas se não tentarmos, nunca vamos saber, não é?

Lucie começou a sorrir. “Não – não, eu acho que não.” Ela moveu a cabeça. “Eu estava preocupada”, ela disse. “Mas agora que vi você, não estou mais. Nós passamos por Edom juntas. Nós certamente podemos fazer isso.

Pois, para onde fores”, Cordelia falou. Ela esticou a mão e Lucie a pegou.

***

Quando elas retornaram para a câmara, a cerimônia começou imediatamente, como se os Irmãos estivessem apenas esperando que elas aparecessem. Cordelia e Alastair foram guiados para o meio do cômodo, Lucie e James direcionados para ficar em frente a eles. Cordelia podia ver Tessa e Will com suas mãos unidas, os dois radiantes de felicidade – e então dois círculos de fogo branco e dourado no meio do cômodo, diretamente abaixo do ponto mais alto do domo e todo o resto longe do alcance do fogo estava escurecido.

Cordelia sentiu Alastair apertar a mão dela. Ela se encostou nele por um momento, enquanto os Irmãos do Silêncio formavam um grande circulo em torno dos dois anéis de fogo no centro do lugar. Ela sabia que Alastair estava ali apenas para testemunhar, não para ajudá-la ou guiá-la, mas a presença dele ainda assim a deixava mais corajosa.

Cordelia Carstairs Herondale. Um passo a frente.

Eram as vozes de todos irmãos, falando como um só. Eles falaram na mente de Cordelia. Ela sabia o que devia fazer e se fortaleceu. Deixando a mão de Alastair, ela andou até a aliança de fogo prateada; as chamas passaram em torno dela, nem quente e nem frias, mas cheias de uma tensa e vibrante energia.

Lucie Herondale. Um passo a frente.

Por cima das chamas, Cordelia viu Lucie entrar em seu próprio anel de fogo, de frente para Cordelia: de fato, ela não conseguia ver nada além disso. Apenas as chamas, e Lucie, e em torno delas escuridão. Ela não conseguia mais ver as famílias delas esperando nos lados da câmara; não conseguia ver nem James ou Alastair. Ela sentiu que os Irmãos estavam dando instruções pra eles quanto a testemunhas, mas ela não conseguia ouvir acima do som do fogo.

As chamas que circulavam ela e Lucie se ergueram e se entrelaçaram. Então um novo círculo de fogo apareceu entre as duas, conectando o circulo delas antes separado. Cordelia se moveu para lá, assim como Lucie; quando elas fizeram, as chamas se erguerem ainda mais, até o tamanho de suas cinturas, então mais ainda, chegando em seus ombros.

Fora do circulo, tudo estava escuro. Dentro dele, Cordelia estava com Lucie, que parecia brilhar ardentemente. Ela estava olhando para Cordelia e em seus olhos, Cordelia conseguia ler a história delas; todas as coisas felizes, tristes, divertidas, irritadas e ridículas que as uniam. Ela se viu segurando o pulso de Lucie, impedindo que ela caísse; ela viu Lucie escrevendo cartas todas semanas, cada carta uma lembrança de que ela não estava sozinha; ela viu a si mesma nos braços dos afogados e mortos do Thames, enquanto Lucie implorava a eles que salvassem Cordelia do rio: Tragam ela – tragam ela, por favor! Ela se viu com Lucie nos degraus do Instituto, prometendo a ela: Eu nunca te deixarei. Estarei sempre ao seu lado.

E essas não eram as palavras do próprio juramento, se pensasse nisso? Com uma nova confiança, Cordelia se endireitou e sorriu para Lucie, que olhava para ela com uma espécie de admiração.

Agora vocês vão recitar o juramento, os Irmãos falaram.

Cordelia respirou fundo e começou a falar junto com Lucie.

Pois, para onde fores, irei,

Ela viu a si mesma e Lucie cruzando as areias queimadas de Edom. Lucie, doente, mas nunca vacilando. As vozes delas ficaram mais altas na próxima linha do juramento:

Onde morreres, eu morrerei, e lá serei enterrado.

Subitamente, Lucie hesitou. Cordelia virou, pavor fazendo seu estomago revirar, e viu os contornos escuros e bruxuleantes dos fantasmas – fantasmas em torno delas, assim como estiveram no Cross Bones; eles estavam entre o fogo e as sombras, mas não sumiam na escuridão. Eles brilhavam em branco e prateado. No começo tinha apenas um punhado deles, mas enquanto Cordelia olhava, mais apareciam, uma dúzia, duas dúzias. Os rostos deles eram muito borradas para serem distinguidos, mas eles ficavam mais visíveis a cada minuto.

Parecia que elas tinham uma multidão presente para a cerimonia delas, no final das contas.

Lucie soltou uma respiração tremula, “Nós devíamos parar”, ela sussurrou. “Certo? Devíamos parar a cerimonia.

Os Irmãos não responderam nada. Cordelia ainda não conseguia ver além dos círculos brilhantes de fogo. Ela estava sozinha com Lucie, e com os espíritos dos mortos. “Não”, Cordelia disse com firmeza. “Nós vamos continuar com a cerimonia.

Mas—”, começou Lucie.

Nós já esperamos demais”, Cordelia falou. “Nós vamos nos tornar parabatai hoje, para que nada possa nos separar, e depois de hoje, nada mais irá. Lembre disso.” Ela fixou seu olhar no de Lucie. “Nós somos mais fortes juntas. Nós somos invencíveis juntas.

Daisy.” Lucie falou baixo. “Os fantasmas… eles são Caçadores de Sombras.

Cordelia olhou e piscou, surpresa: nos corpos dos fantasmas tinham runas. Runas de Caçadores de Sombras. Onde os contornos dos fantasmas eram prateados, as runas brilhavam em dourado.

As roupas sugeriam que alguns tinham vivido recentemente, enquanto as roupas de outros parecia cem, duzentos, cinco mil anos fora da moda. E eles estavam em pares. Alguns pares de homens, de mulheres; alguns com gêneros misturados. Alguns se pareciam – irmãos talvez – enquanto outros eram bem diferentes. Cordelia viu um homem alto com uma armadura gravada de asas de anjos, ao lado dele outro homem que estava com vestes de marfim; ela viu duas mulheres com as espadas desembainhadas, as duas com uma roupa de couro e metal medieval. E havia uma mulher alta, bonita, mas de rosto severo, com um vestido antigo, ao lado de um homem com um rosto gentil, mas triste. Eles estavam entre os fantasmas mais detalhados e visíveis, e Lucie estava olhando para eles.

Eu acho…” Lucie sussurrou e balançou a cabeça. “Eu acho que é Silas Pangborn e Eloisa Ravenscar.

O que?” Cordelia sussurrou de volta. Ela conhecia esses nomes – quase todos os Caçadores de Sombras conheciam. Eram um aviso, uma história contada às crianças, sobre parabatais que se apaixonaram e cujas vidas terminaram em ruína. Cordelia observou que por mais que eles tenham violado a Lei dos Caçadores de Sombras em vida, eles estavam, ao que parecia, juntos na morte. “Como você sabe?

Há um retrato de Silas no Instituto”, disse Lucie, com a voz pensativa. “Ele era amigo do pai de Charlotte.

O fantasma do homem vestido com a cor marfim falou. “Não tenha medo”, ele disse, a voz ecoando evanescente. “Nós estamos aqui para homenagear vocês.

Você estão?” Lucie pareceu assustada. “Mas por que?

Uma das mulheres falou; ela tinha tranças loiras grossas. “Por causa da bondade que você mostrou aos mortos. Nós somos os parabatai que vieram antes vocês, aqueles que lutaram juntos e morreram juntos. Estamos ligados, todos nós, uma linha que remonta a Jonathan Caçador de Sombras e David, o Silencioso, e então aqui neste lugar, podemos nos mostrar a você.

Bondade”, disse Lucie. Ela olhou para baixo. “Nem sempre fui tão gentil com os mortos”, disse ela, “como deveria. Eu tinha esse poder – ele veio de um lugar ruim – mas já se foi.

Sim”, disse a mulher, sua voz gentil. “É bom que esse poder tenha sido destruído. Nas suas mãos fez bem, mas poderia ter feito um grande mal.

Que bondade então?” Cordélia disse.

A mulher abriu as mãos. A runa parabatai brilhou dourada em seu antebraço nu. “Os espíritos que estavam presos na Terra de Edom”, disse ela. “Eles foram libertados por sua causa. Os espíritos dos Irmãos do Silêncio e das Irmãs de Ferro, embora não mortos, mas apenas errantes, tiveram a paz restaurada.

Você precisa de nossa ajuda?” Lucie disse.

A mulher sorriu. “Não”, ela disse. “Você derrotou Belial, o Príncipe do Inferno, e salvou a cidade de Londres. Você trouxe grande honra aos Nephilim, e pedimos apenas que vocês recebam as nossas bênçãos.

Lucie e Cordelia se entreolharam surpresas quando dois dos fantasmas avançaram. “Bênçãos de força caiam sobre vocês”, eles murmuraram, e desapareceram do nada, embora o brilho de suas runas pairasse no ar depois que eles partiram.

Então todos avançaram, dois de cada vez, e cada um falou em voz baixa a palavra de bênção: bênçãos de honra, de coragem, de cura, de esperança. Alguns falavam em inglês, muitos em outras línguas. Depois de cada par ter falado, eles também desapareceu, deixando o brilho das runas no ar.

Parecia que o tempo havia parado, embora devam ter sido apenas alguns minutos. Quando o último dos fantasmas – o homem de cabelos escuros e armadura e seu parabatai com vestes de marfim – partiram, Cordelia e Lucie se encontraram cercadas por um campo de estrelas douradas brilhantes, cada uma com uma runa: runas de Poder Angelical e da Visão, e da Sabedoria e, claro, a própria runa Parabatai, repetida inúmeras vezes em constelações cintilantes.

E então estas também desapareceram e a sala de mármore voltou. Houve novamente chão sob os pés delas e um teto de pedra bem acima. As chamas de ouro branco do círculo ao qual estavam unidas brilhou novamente, mais brilhante do que antes, crepitando com calor e, Cordelia pensou, o amor dos Nephilim que tinham vindo antes.

As vozes dos Irmãos falavam dentro de suas cabeças. Já fazia muito tempo que a Cidade do Silêncio testemunhara uma maravilha como essa.

Uma maravilha”, sussurrou Cordelia, apertando a mão de Lucie. “Você estava preocupada de que seria algo terrível, Luce. Mas só teve bondade porque você é boa.

E você estava preocupada com Lilith”, disse Lucie. “Mas você fez boas ações com o poder dela, porque você é boa.

Cordelia não largou a mão de Lucie. E então ela decidiu que não faria agora. Afinal, faltavam apenas mais algumas palavras na cerimônia, e ela as falou junto com Lucie, ambas sorrindo ao fazê-lo.

Onde fores, irei; irei. Onde morreres, morrerei, e lá serei enterrado. Que o anjo o faça por mim, e ainda mais… se qualquer coisa além da morte nos separar.

[Traduzido por Equipe IdrisBR. Dê os créditos. Não reproduza sem autorização.]

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