Uma herança de sombras.
Um amor aprisionado.
Um Inimigo inconquistável.Cordelia Carstairs é uma Caçadora de Sombras, uma guerreira treinada desde a infância para lutar contra demônios. Quando seu pai é acusado de um crime terrível, ela e seu irmão viajam para Londres na esperança de impedir a ruína da família. A mãe de Cordelia quer vê-la casada, mas Cordelia está determinada a ser uma heroína em vez de uma noiva. Logo Cordelia encontra os amigos de infância, James e Lucie Herondale, e é arrastada para seu mundo de brilhantes bailes, encontros secretos e salões sobrenaturais, onde vampiros e lobisomens se misturam com sereias e feiticeiros. Tudo isso enquanto ela deve esconder seu amor por James, que está prometido a se casar com outra.
Mas a nova vida de Cordelia é destruída quando uma chocante serie de ataques de demônios devasta Londres. Estas criaturas não são nada como as que os Caçadores de Sombras tenham encontrado antes – estes demônios conseguem andar sob a luz do dia, acertar pobres desavisados com veneno incurável e parecem ser impossíveis de matar. Londres é imediatamente colocada de quarentena. Presa na cidade, Cordelia e seus amigos descobrem que suas próprias conexões com um legado sombrio os presenteou com poderes incríveis – e força uma escolha brutal que vai revelar o verdadeiro e cruel preço de ser um herói.
Introdução de Cassandra Clare:
Queridos Leitores, novos e antigos,
Eu estou animadíssima em dividir este primeiro vislumbre de “Chain of Gold” com vocês. Eu tenho estado ansiosa para apresentar vocês à trilogia THE LAST HOURS há bastante tempo, não apenas pelos personagens serem os filhos de alguns dos meus mais amados personagens – como Will e Tessa – mas também porque eles são personagens fascinantes por si só: James Herondale sofrendo com suas próprias trevas, Cordelia Carstairs determinada a ser uma heroína, Matthew Fairchild lutando com demônios internos e externos, e Lucie Herondale a inteligente escritora investigativa.
O período Eduardiano é comumente descrito como um momento dourado de paz e prosperidade antes das trevas da Primeira Guerra Mundial. De uma forma muito apreciada, James, Cordelia, Lucie e Matthew cresceram em um tempo imaculado por demônios e seres do submundo. Tudo isso muda quando demônios de poder sem precedentes começam a surgir em Londres. Durante a paz, o mal não tira férias. Uma tempestade está a caminho, e James, Cordelia, e Lucie estão em seu centro.
De volta a 2015, durante os 5 meses em que morei em Londres, eu deveria estar de férias – tendo minha primeira pausa em 10 anos! – mas não pude parar de trabalhar secretamente em “Chain of Gold” pois eu estava amando isso demais. Todos os dias eu andava em Kensington Gardens e pensava sobre Cordelia e Lucie e James. É bem próprio que este primeiro capítulo vai lhe levar até Kensington Gardens, onde tanto da criação desta história nasceu.
Com muito amor da Belle Epoque,
Beijos e Abraços,
Cassie.
Lucie Herondale tinha dez anos quando ela viu o garoto na floresta pela primeira vez.
Crescendo em Londres, Lucie nunca tinha imaginado um lugar como Brocelind. A floresta em torno da Mansão Herondale por todos os lados, suas arvores se dobravam nos topos como sussurros cautelosos: verde escuro no verão, dourado queimado no outono. O carpete de musgo abaixo dos pés dela era tão verde e macio que o pai dela tinha dito que era travesseiro para as fadas durante a noite e que as estrelas brancas das flores que cresciam apenas no país oculto de Idris faziam pulseiras e anéis para as mãos delicadas.
James, é claro, disse a ela que fadas não tinham travesseiros, elas dormiam no subsolo e roubavam garotinhas travessas enquanto elas dormiam. Lucie pisou no pé dele, o que significava que o papai a levantava e a levava de volta para casa antes que uma briga pudesse começar. James vinha de uma antiga e nobre linha de Herondale, mas isso não significava que ele era superior e não puxava as tranças de sua irmãzinha se necessário.
Tarde da noite o brilho da lua acordou Lucie. Estava derramando em seu quarto como leite, colocando linhas brancas de luz sobre sua cama e no chão de madeira polida.
Ela saiu da cama e passou pela janela, caindo suavemente sobre a cama de flores embaixo da janela. Era uma noite de verão e ela estava aquecida em sua camisola.
A beira da floresta, apenas passando pelos estábulos onde ficavam os cavalos deles, parecia brilhar. Ela foi até lá como um pequeno fantasma. O pé descalço dela quase não desarrumou o musgo enquanto ela se enfiava entre as arvores.
Ela se divertiu no inicio fazendo correntes de flores e pendurando nos arbustos. Depois ela fingiu que era Branca de Neve fugindo do caçador. Ela corria entre as arvores e então virava dramaticamente e arfava, colocando as costas da mão dela em sua testa. “Você nunca vai me matar”, ela dizia. “Porque eu tenho sangue real e um dia serei rainha e duas vezes mais poderosa que minha madrasta. E eu irei cortar a cabeça dela.”
Era possível, ela pensou depois, que talvez ela não lembrasse corretamente da história da Branca de Neve.
Ainda assim era bem divertido e foi na quarta ou na quinta corrida entre a floresta que ela notou que estava perdida. Ela não conseguia mais ver a forma familiar da Mansão Herondale entre as arvores.
Ela se virou em panico. A floresta não parecia mais magica. Ao invés disso as arvores em torno dela pareciam fantasmas ameaçadores. Ela pensou que podia ouvir a conversa de vozes sobrenaturais pelo farfalhar das folhas. As nuvens tinham aparecido e coberto a lua. Ela estava sozinha no escuro.
Lucie era corajosa, mas ela tinha apenas dez anos. Ela deu um pequeno suspiro e começou a correr no que ela achava que era a direção correta. Mas a floresta só ficava mais escura, os espinhos mais entrelaçados. Um segurou em sua camisola e rasgou um longo pedaço do tecido. Ela tropeçou-
E caiu. Parecia como Alice caindo no País das Maravilhas, mesmo que a queda fosse muito menor. Ela tombou de cabeça para baixo e atingiu uma dura camada de terra suja.
Com um gemido, ela sentou. Ela estava no fundo de um buraco circular que tinha sido cavado para dentro da terra. Os lados eram lisos e subiam vários metros acima do alcance de seus braços.
Ela tentou enfiar as mãos na terra que se erguia de todos os lados e escalar da maneira que ela poderia ver uma arvore. Mas a terra era macia e se desfazia nos dedos dela. Depois da quinta vez que ela caiu, ela viu algo branco brilhando do lado da parede de terra. Esperando que fosse uma raiz que ela pudesse escalar, ela esticou a mão e foi segurar…
O solo caiu dele. Não era uma raiz, mas um osso e não era de um animal…
“Não grite”, disse uma voz acima dela. “Irá chamar elas.”
Lucie inclinou a cabeça para trás e encarou. Inclinando-se ao lado do poço tinha um garoto. Mais velho que o irmão dela, James – talvez ele tivesse 16 anos. Ele tinha um rosto amorosamente melancólico e um cabelo liso preto, sem nenhum cacho. O final do cabelo dele quase tocava a gola da camiseta.
“Chamar quem?” Lucie perguntou, colocando as mãos na cintura.
“As fadas”, ele disse. “Esse poço é uma armadilha delas. Elas usam para pegar pequenos animais, mas ficarão encantadas de encontrarem uma garotinha no lugar.”
Lucie arfou. “Você está dizendo que elas me comeriam?”
Ele riu. “Dificilmente, mas acho que você poderia se encontrar servindo fadas nobres na Terra Embaixo da Colina pelo resto de sua vida. Nunca verá sua família de novo.”
Ele moveu as sobrancelhas para ela.
“Não tente me assustar”, ela falou.
“Eu asseguro, eu apenas estou falando a verdade.”, ele disse. “Usar falsas verdades está abaixo de mim.”
“Não seja bobo também”, ela falou. “Eu sou Lucie Herondale. Meu pai é Will Herondale e uma pessoa muito importante. Se você me resgatar, será recompensado.”
“Uma Herondale?” ele perguntou. “Apenas minha sorte.” Ele suspirou e chegou próximo da beirada do poço, esticando o braço para baixo. Uma cicatriz brilhou nas costas da mão direita dele – uma cicatriz feia, como se ele tivesse se queimado. “Subindo.”
Ela agarrou o pulso dele com as duas mãos e ele a levantou com uma força surpreendente. Um momento depois, os dois estavam de pé. Lucie podia ver mais dele agora. Ele era mais velho do que ela tinha pensado e formalmente vestido de branco e preto. A lua estava aparecendo novamente e ela podia ver que os olhos dele eram da cor do musgo verde no chão da floresta.
“Obrigada”, ela falou bem formalmente. Ela passou as mãos em sua camisola. Estava arruinada com a sujeira.
“Venha”, ele disse, a voz gentil. “Não fique assustada. O que nós devemos conversar? Você gosta de histórias?”
“Eu amo histórias”, Lucie falou. “Quando eu crescer, eu serei uma escritora famosa.”
“Isso parece maravilhoso.”, o rapaz disse. Tinha algo melancólico no tom dele.
Eles caminharam juntos pelo caminho das arvores. Ele parecia saber onde estava indo, como se a floresta fosse muito familiar para ele. Ele devia ser um changeling*, Lucie pensou. Ele sabia bastante sobre fadas, mas claramente não era um: ele a avisou sobre ela ser sequestrada pelo Povo das Fadas, que era o que devia ter acontecido com ele. Ela não devia mencionar isso e fazer ele se sentir mal; devia ser difícil ser um changeling e ser levado para longe de sua família. Ao invés disso, ela começou a falar com ele sobre princesas em contos de fadas, e qual era a melhor. Mal parecia ter passado alguma hora antes deles chegarem de volta nos jardins da Mansão Herondale.
“Eu imagino que essa princesa consiga voltar para o castelo dela daqui”, ele disse com uma reverencia.
“Oh, sim”, Lucie falou, olhando para a janela dela. “Você acha que eles vão saber que eu sai?”
Ele riu e se virou para ir. Ela chamou por ele assim que ele alcançou o portão.
“Qual seu nome?”, ela perguntou. “Eu falei o meu. Qual o seu?”
Ele hesitou por um momento. Ele era todo branco e preto na noite, como uma ilustração de um dos livros dela. Ele repetiu a reverencia, baixo e graciosamente, o tipo de cavalheiros faziam antigamente.
“Você nunca vai me matar”, ele disse. “Porque eu tenho sangue real e um dia eu serei duas vezes mais poderoso que a rainha. E eu irei cortar a cabeça dela.”
Lucie deixou escapar uma arfada irritada. Ele estava ouvindo ela na floresta, jogando o jogo dela? Como ele se atrevia a fazer graça dela! Ela levantou a mão, prestes a balançar para ele, mas ele já tinha desaparecido na noite, deixando apenas o som da risada dele para trás.
Se passariam seis anos antes que ela o visse novamente.
*: Changeling é uma criança que foi trocada, uma humana por de outra especie, geralmente fadas.
[Traduzido por Equipe IdrisBR. Dê os créditos. Não reproduza sem autorização.]