02.11

Cassie esteve em Cologne, uma cidade da Alemanha, onde ela participou de alguns eventos e deu uma entrevista para o site TMI Source. Nessa entrevista ela fala sobre mortes de Lord of Shadows, sobre Dark Julian, sobre o processo de criação da Diana, também sobre novos projetos e mais. Lembrando que contem SPOILERS de Lord of Shadows! Confira a tradução:

Graças a editora alemã de Cassandra Clare, eu tive a oportunidade de entrevistar Cassie na Cologne dia 16 de outubro. Em mais de 20 minutos, nós conversamos sobre Lord of Shadows, projetos futuros de livros, a pesquisa especial dela para Os Artifícios das Trevas e mais. Eu me diverti muito durante a entrevista e gostaria de agradecer a Cassie e a Goldmann Verlag.

Lord of Shadows tem um final meio chocante com algumas mortes não esperadas, o quão difícil é desenvolver personagens sabendo que eles foram criados para morrer e como escrever eles difere de escrever outros personagens que ainda estão vivos?

Eu não acho que criar Livvy foi muito diferente de criar um personagem que eu sabia que iria sobreviver a série inteira. Você sempre tem que se despedir de seus personagens alguma hora, então apenas é uma questão de quando e em qual ponto você se despede deles. Com Livvy, eu disse adeus para ela antes do que as pessoas estavam esperando e antes de eu dizer adeus para Ty ou Diana ou Kit ou Emma. Mas ela ainda foi uma personagem completamente desenvolvida, ela pode ser alguém que tinha coisas que ela queria, tinha objetivos e sonhos. Ela ainda pode fazer coisas legais e coisas que não eram esperadas. Eu espero que ela tenha sido uma personagem completa que as pessoas se importavam porque a ultima coisa que você quer é que as pessoas digam ‘oh, eu sabia que esse personagem ia morrer porque ele não era muito interessante, ele não era bem desenvolvido.’ Eu não queria que fosse esse o caso com Livvy, então desde o inicio ela foi desenvolvida do mesmo jeito que os outros personagens foram.

Eu realmente amava ela e ainda estou triste.

Ela era um doce.

Ela era mesmo. Eu imagino que escrever a morte dela e a de Robert foi provavelmente um grande desafio. Teve outros grandes desafios quando você escreveu Lord of Shadows?

Todo livro novo representa uma nova gama de desafios. Eu acho que para mim, escrever Julian, é definitivamente um desafio. Ele é um tipo de herói bem diferente de Will ou Jace. Ele tem um grande potencial para a escuridão e ao mesmo tempo ele é mais zeloso e fez mais por outras pessoas do que Will ou Jace quando nós conhecemos ele primeiramente. Então ele tem essa dualidade interessante de ser alguém que sacrificou muito de sua vida por outras pessoas e ainda porque ele fez isso e porque ele teve que fazer tão novo, ele se tornou alguém que é extremamente direto. Esse grande sacrifício não pode ser por nada e ele está disposto a fazer literalmente qualquer coisa para proteger essas crianças e sua família. E esse literalmente qualquer coisa, penso que nesse momento, nos deixa tão preocupados com o quão longe isso vai levar ele.

Oh sim, nós estamos bem preocupados.

(Cassie ri.) Né? Porque nós ficamos tipo ‘O que ele não faria?’

Sim, quer dizer, ele conhece alguém que diz que pode quebrar todo o laço parabatai.

E ele descobre como se faz isso em Queen of Air and Darkness, então ele aprende como fazer isso.

Oh meu Deus.

É, ele não está desinteressado.

A história do amor parabatai/proibido é provavelmente uma das mais populares em Os Artifícios das Trevas e eu realmente adoro, mas eu também amo a amizade de Kit, Ty e Livvy. Como vai ser essa amizade agora que eles perderam Livvy?

Ty reage de um jeito bem inesperado no inicio do terceiro livro e Kit fica bem surpreso. Kit está lá para Ty, ele quer estar lá para ele e quer estar lá para ajudar no luto dele, mas o luto toma uma forma inesperada e Kit não sabe realmente o que fazer. Ele se gruda em Ty como um abrigo e é uma jornada difícil para Kit porque ele fica pensando ‘eu tenho que estar aqui por essa pessoa, não importa o que’, e esse não importa o que se torna mais e mais complicado conforme o livro vai adiante. Ele começa a pensar que talvez não seja a melhor coisa a se fazer, que talvez parar ele é o que devia ser feito como um amigo responsável. (Cassie faz um sinal de aspas com os dedos quando ela usou a palavra amigo) Ty é a pessoa no mundo que mais importa para ele. Seu pai está morto, ele perdeu Livvy, que era sua outra grande amiga, e ele tem Ty e ele fazia possivelmente qualquer coisa por ele. Então você tem essa história interessante com essas duas pessoas onde eles estão meio que numa rota de colisão. Mas uma coisa que eu digo que as pessoas vão provavelmente gostar é que eles puxam Dru mais para a amizade deles. Ela nunca vai poder tomar o lugar de Livvy, mas ela toma frente para fazer parte da amizade.

Então a amizade deles é um prenuncio de The Wicked Powers?

Eu diria que sim, porque em The Wicked Powers tem um relacionamento muito mais próximo entre Dru e Ty, o que eu acho que é normal porque com irmãos a diferença entre 16 anos e 13 anos é muito, mas a diferença entre 93 e 90 é nada. É um processo de crescer para se aproximar e a diferença de idade se torna menos do que uma diferença, então quando chegarmos em The Wicked Powers e por causa dos aniversários, Ty está tipo com 18 anos e Dru com 16 anos, então eles não estão tão distantes mais. Eles estão mais para amigos no mesmo nível do que quando Ty pensava ‘Ah, ela é só minha irmãzinha’.

Isso é bom!
Eu não posso deixar de mencionar a Cohort e perguntar sobre isso. É obviamente um reflexo das politicas americanas e muitas pessoas agora lutam contra isso, autores twitam sobre o presidente e tudo que está acontecendo. Em Queen of Air and Darkness nós podemos esperar mais Shadowhunters se virarem contra a Cohort ou a Cohort vai ficar apenas pior e pior – se não é um spoiler muito grande?

O que acontece no final de Lord of Shadows, infelizmente, dá mais poder a Cohort. Eles estavam prevendo um desastre na mão dos membros do submundo e é assim que eles falam sobre o que aconteceu. Então agora nós perdemos Robert como o Inquisidor e Horace Dearborn toma seu lugar, o que eu não acho que é um spoiler, agora alguém do Cohort está bem no centro do poder. Nós vamos ver ecos do mundo real conforme a Clave começa a se virar contra os membros do Submundo e criam novas e prejudiciais leis que restringem seus movimentos e suas viagens. Porque essa é a primeira coisa que você faz, você tenta acompanhar onde seus inimigos e possíveis ameaças estão. O próximo passo que eles tomam é decidir se eles querem fazer Alicante e Idris um lugar livre de membros do Submundo.

Isso seria difícil por causa dos lobisomens nas florestas…

Eu sei! Tem muitos membros do submundo vivendo em Idris, mas eles não ligam. Isso vem sendo feito com grupos de pessoas durante a história. Os poderosos decidem que os membros do submundo são um grupo indesejável que eles querem se livrar. O que você tem é uma Clave despedaçada. A Clave que quer ir junto com a Cohort e a Clave que se opõe a eles. Nós estamos olhando para um governo mais abertamente despedaçado.

Wow, isso vai ser emocionante de ler ano que vem!
Você pode explicar seu processo de pesquisa para Diana, sua personagem transgênera?

Claro! Dois dos meus melhores amigos são médicos e um deles trabalha bem próximo de uma dona de um programa/clinica de transgêneros em Western Massachusetts. Ele colocou ela em contato comigo quando eu comecei a criar Diana, ela me colocou em contato com várias mulheres trans e pelos seis meses seguintes eu fui encontrar com elas em diferentes cafeterias e lugares próximos da minha casa. Foi complicado porque primeiro eu tive que familiarizar elas com os livros. Isso foi antes de Dama da Meia Noite, então eu dei a elas um exemplar de As Cronicas de Bane e um ou dois de Os Instrumentos Mortais para tentar dizer ‘esse é o mundo, é assim que funciona dentro desse mundo de fantasia, então tem essa personagem e como ela pode desenvolver?’ Eu fiz um rascunho de como seria o arco da história da Diana e então elas me ajudaram a arrumar algumas coisas que elas sentiam que estavam erradas. Foi ideia delas de que Diana faria sua transição médica na Tailândia porque é muito comum e não nos Estados Unidos. Ter Diana na Tailândia definitivamente foi ideia delas. Nós falamos bastante sobre o tipo de terapia e grupos e o que ela iria precisar enquanto ela estava passando por sua transição, as dificuldades de passar pela transição e também as coisas boas que vinham disso. Apenas uma enorme quantidade de informação. Era uma parte tão importante de como uma pessoa é, então eu não queria fazer isso sem falar com pessoas que tinham passado por isso. Elas foram muito uteis. Eu tive algumas leitoras trans que me escreveram e eu peguei algumas questões e ideias com elas, mas eu não queria arruinar a surpresa do plot, então eu fiquei tipo ‘que tal isso e aquilo?’ Eu acho que a parte mais difícil foi trabalhar com a ideia de que a Clave não está rejeitando Diana porque ela é trans, estão rejeitando ela porque ela usou medicina mundana. Mas ela tinha que poder ir até eles e dizer que ela era trans em primeiro lugar, ela não teria que fazer essa escolha. Nós passamos por isso, em como balancear isso. O que isso significa? Significa que a Clave é transfobica ou é mais que eles não tem conhecimento que existem pessoas trans no mundo, do mesmo jeito que eles não reconhecem que existem Shadowhunters neuro divergentes? Então, quando eu terminei o livro, Anya DeNiro leu. Anya é uma mulher trans, uma escritora e uma amiga da minha amiga Kelly Link. Kelly perguntou se ela estava disposta a ler meu livro e me dar comentários sobre ele e ela estava, então ela leu e me deu notas bem interessantes. É interessante porque você não está só escrevendo sobre uma pessoa que você inventou, você também está fazendo um trabalho de arte e também criando uma história onde pedaços da história tem ressonâncias e você quer ter certeza que as ressonâncias são aquelas que você pretendia. Anya me ajudou muito. Obviamente, todos erros são meus e tudo que eu peguei errado é minha culpa, não culpa de quem me ajudou. Foi maravilhoso trabalhar com essas mulheres e ter uma assistência combinada da sabedoria delas.

Você já sabe disso, mas a parte onde ela revelou para Gwyn a história dela é uma das minhas partes favoritas em Lord of Shadows. Eu podia ver o quanto ela lutou com tudo aquilo e como ela ficou aliviada de finalmente se revelar para alguém.

Eu queria mesmo que ele reagisse do jeito que você quer que alguém reaja. Eu assisti muitos videos no Youtube, que eu achei bem interessantes, em que mulheres trans falam sobre se abrirem com seus namorados e namoradas sobre isso e as reações deles. Assistindo quarenta ou cinquenta desses e então falando com Elyse, que é uma das mulheres com a qual eu estava trabalhando na minha casa sobre a Diana, eu perguntava ‘como você quer que alguém reaja? O que você queria que eles falassem?’ Eu pensei que era bom porque me tirou de alguns clichês básicos onde pessoas dizem coisas como ‘oh, tudo bem por mim!’ porque não importa se isso é ok pra você ou não! Esse não é o ponto. O ponto é reconhecer que a outra pessoa passou por algo, que ela provavelmente foi ferida por outras pessoas, que você quer estar lá por ela, não importa o que. Não é sobre você.

É claro.
Vou mudar de direção agora. Essa é uma pergunta do twitter e um dos nossos seguidores queria saber qual seu mais valioso conselho para alguém que aspira ser um escritor, que tem boas ideias mas tem problemas em transformar em um livro.

Eu acho que se o problema que você está tendo é transformar suas ideias num livro, então a melhor coisa a fazer é criar um esboço, porque você está tendo problemas com a estrutura. Na forma mais simples, um esboço é você dizer pra você a história sem nenhum dialogo, apenas passagens de descrições. É você sentando e dizendo ‘isso acontece, então isso acontece, então isso acontece…’ Você escreve tudo isso e então você tenta separar isso em seções. Não parece muito divertido, mas é ajuda demais e muito de escrita é a estruturação.

Okay. Então esboços são o que você faz e outras pessoas deviam fazer vários esboços.

Se você está tendo problemas em dar formato as suas ideias.

Você acabou de anunciar sua nova coleção de contos [Ghosts of the Shadow Market] com vários autores diferentes, alguns que a gente conhece e uma nova, Kelly Link. Como você teve a ideia para esses novos contos e o que os fãs podem esperar? Pode nos dar um pequeno teaser?

Como sempre, eu tive essa ideia enquanto estava com minhas amigas. Nós estávamos na Itália juntas e nós falamos sobre o quanto nos divertimos com As Cronicas de Bane e com Contos da Academia dos Caçadores de Sombras, porque todas as escritoras desses contos estavam lá. E Kelly estava reclamando que nós nunca convidamos ela para nenhuma história, o que é basicamente porque Kelly é muito famosa e importante e nunca passou pela minha cabeça convidar ela. Eu pensei que ela estava fazendo coisas mais importantes. Então ela começou a perguntar sobre como funcionou e eu estava dizendo que nós queríamos fazer outro fazia bastante tempo, mas Sarah está doente e nenhuma de nós queria fazer sem ela. Nós não estávamos interessadas em fazer se Sarah não estivesse bem pra isso, nós não queríamos fazer sem ela estar envolvida. Mas ela disse ‘eu estou bem agora, eu topo. Eu realmente quero fazer isso!’ E nós tivemos algumas ideias diferentes e começamos a ver por aí. Eu acho que foi Robin quem disse ‘uma das novas invenções de Artifícios das Trevas que é minha favorita é o Shadow Market.’ Eu realmente amo o Shadow Market, é um lugar muito divertido. Basicamente nós decidimos o que nós queríamos fazer. Nós faríamos o Shadow Market com o passar do tempo e em lugares diferentes cruzando histórias de outros Shadowhunters, e Jem seria o personagem perfeito para isso porque ele é um Irmão do Silencio, ele tem acesso a todos esses segredos. Seria ok para ele estar no Shadow Market, e tem razões para ele estar envolvido na vida de todos, já como Irmãos do Silencio são médicos, os terapeutas, os bibliotecários (e por aí vai) da sociedade Shadowhunter. Então nós ficamos animadas e assim que ficamos animadas, começamos a gerar história. Eu acho que posso dizer que as historias estão em ordem cronológica, mas a primeira história que vai ser liberada não está em ordem cronológica, está bem fora da ordem. É a historia do que acontece quando Jace chega em New York e o pequeno Jace conhece o pequeno Alec e a pequena Isabelle. É bem fofa e nós achamos que seria legal começar por aí.

Isso parece brilhante, mal posso esperar!

Eu acho que vai ser divertido.

Nós temos tempo para mais uma pergunta: você está trabalhando com Cassandra Jean em dois novos projetos, eu acho.

(Cassie ri.) Nós sempre estamos fazendo muitas coisas!

Estão fazendo os personagens como personagens de contos de fadas?

Sim, nós estamos fazendo isso.

Eu acho que tem mais por vir. São mais casais ou não apenas casais?

Não são apenas casais. Algumas vezes são amigos, outras vezes é família como João e Maria. Vão ser amigos e casais. Nós vamos ter mudança de gênero de alguns casais, já como nós quisemos fazer uma mudança de gênero com Emma e Julian onde ele é a Bela Adormecida e ela está salvando ele. Nós gostaríamos de fazer talvez Dru e Tavvy como João e Maria. Eu acho que vamos fazer uma variedade e eu estou bem animada para isso, é bem divertido!

E aquilo que você postou em seu Instagram com diferentes personagens lendo livros?

É na verdade um poster. É uma peça de arte só, mas é grande! É um poster que é para livrarias independentes. É uma graaaaande reprodução da livraria do Luke. E em cada janela e lugar lá fora todos os Shadowhunters de diferentes séries estão lendo seus livros favoritos. Você pode ver Ty lendo Sherlock Holmes, Magnus está lendo The Book of the White, Tessa está lendo Conto de Duas Cidades para Will e Jem. Eu acho que Julian está lendo um conto de fadas para Tavvy e Dru. É realmente adorável e é uma coisa gratuita que Cassandra Jean e eu estamos fazendo para inspirar a alfabetização e mostrar nosso apreço por livrarias independentes.

Eu amei. Soa absolutamente perfeito!

Eu acho que vai ser bem fofo!

Okay, obrigada pela entrevista. Foi maravilhoso te ver novamente!

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