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Resenha: Cupidos não se apaixonam – Clara Alves

Sinopse: Chiara sempre teve certeza de tudo. Do curso que escolheu, da carreira que quer construir, do futuro perfeito que tem pela frente. Só uma peça continua faltando: um romance. Depois de várias tentativas que não deram em nada, ela chega à conclusão de que talvez o amor exista, sim ― só não seja pra ela. E tudo bem, porque ela acaba de encontrar um novo propósito: assumir o papel de cupido e ajudar os outros a se apaixonarem.

Sua primeira missão? Juntar a melhor amiga, que ainda sofre por causa da ex, com a caloura charmosa que acabou de entrar no curso de direito. O problema é que, quanto mais Chiara tenta unir as duas, mais percebe que seu coração talvez tenha outros planos…

Mais um romance sáfico de Clara Alves, então todo mundo pode ter certeza que eu não deixaria de ler. Tendo lido já “Conectadas” e “Romance Real” (e você pode ver minhas resenhas vindo aqui), eu sabia que o que me esperava era um romance gostoso de ler e que me deixaria com um quentinho no coração.

Esse livro mexeu muito comigo. Acho que eu estou acostumada a sempre ver o lado da “filha mais velha” das histórias, provavelmente por ser uma, que me surpreendeu o fato de que, quem carrega esse fardo é Chiara, que é a irmã mais nova.

“Às vezes acho que você deixou nossos pais encherem tanto sua cabeça que, mesmo que queira sair da linha, não consegue nem cogitar essa possibilidade. Como se a dor da pedra no sapato já fosse quase parte de você. E é por isso que se incomoda tanto com a minha mudança. Porque eu tomei coragem de parar, tirar o sapato e encarar a ferida, enquanto você prefere continuar mancando pra manter a aparência de que tá tudo bem. Mas, irmã, vou te dizer uma coisa do fundo do coração: você poderia ser tão mais feliz se só se libertasse dessas amarras que permitiu que colocassem em você.”

Chiara sente que tem que fazer absolutamente tudo para ser a filha perfeita: ela vai para um curso na faculdade em que ela sabe que vai orgulhar seus pais (direito, seu pai é um promotor), começa o estagio em um escritorio de direito que seu pai lhe conseguiu a entrevista e tenta, a todo custo, encontrar um namorado homem que se encaixe em seus padrões e a faça sentir amor ou paixão, algo que ela nunca conseguiu sentir até ali.

Porém, é claro, as coisas são mais complicadas do que o esperado: o curso na faculdade não é o conto de fadas que ela esperava, o estágio no escritório é com ela sendo tratada mais como uma secretária do que como uma futura advogada e absolutamente nenhum garoto com quem ela se relaciona, a faz sentir as tão famosas “borboletas” no estomago.

“Meu corpo se move sozinho, como se estivesse em piloto automático, programado para fugir. Sempre fugir. Tentando escapar de tudo que não sei como lidar.”

E é então que ela conhece Jess. Uma caloura no curso de direito que claramente sabe que é charmosa e que muitas pessoas se interessam por ela, quando ela começam a conviver bastante, ela decide que deve então juntar Jess com Lena, sua melhor amiga que está passando por um termino terrivel com uma ex tóxica.

Só que nada sai de acordo com o planejado: ela não entende como fazer pra juntar as duas, apesar de ter certeza que essa é sua missão na vida, ser um cupido, como foi pra uma amiga muitos anos atrás e que agora irá se casar. Não o bastante ela também tenta ajudar a irmã mais velha que está envolvido com um cara que ela sente que não é bom o bastante pra irmã, a tentar arrumar um cara que tenha a vida mais no lugar.

“A percepção de que eu falhei em tudo que me propus a fazer é como uma faca perfurando meu peito. Tudo que fiz na minha vida foi tentar ser uma boa filha. Uma boa irmã. Uma boa amiga. Uma boa pessoa.
E nada é o suficiente.
Eu não sou o suficiente.”

Durante esse tempo todo, ela começa a se questionar se fez a escolha certa não só de curso, mas para a sua vida, se devia estar naquele estágio ou encontrar um lugar melhor, em que a tratem melhor – porque mesmo fazendo o máximo possível e tentando agradar seu chefe e mostrar trabalho, ela nunca consegue que ele a olhe mais do que como a garota do café.

No meio de tantas conversas com Jess, na tentativa de entender quem a garota é e como fazer para Lena e ela se aproximarem, ela começa a sentir uma mudança de sentimentos em relação a isso, mas não sabe nem como agir ou o que fazer com as coisas que passam pela cabeça dela.

“Talvez crescer seja isso: parar de viver pelos outros e, finalmente, começar a viver por si. E já passou da hora de eu começar a viver por mim mesma.”

Eu tenho a leve impressão que Chiara não é uma personagem que vai agradar todo mundo. Com toda a sensação que ela tem que tem que fazer tudo por todo mundo e deixar tudo no lugar certo, que ela acha que tem que estar certo, ela passa muito essa ideia de uma pessoa absolutamente controladora. Mas eu gostei bastante dela. Achei ela divertida e sentir meu coração partir por ela inumeras vezes enquanto ela segue essa busca sobre quem ela realmente é.

Todo o relacionamento dela, não apenas com Jess, mas com as amigas Lena e Bruna, me deixou com o coração quentinho boa parte do livro, porque mesmo quando ela pensava que suas amigas não a entendiam, elas ainda estavam ali juntas, tentando fazer o melhor com o que tinham, com o que sabiam sobre Chiara.

“Tudo que a gente sempre precisou era de alguém que nos desse espaço para descobrir quem somos e que aceitasse todas as nossas versões.”

Além de claro, todo relacionamento dela com a irmã. Mesmo sentindo inumeras vezes que ela ficava deixada de lado com os pais, ainda assim ela amava a irmã e a protegia e defendia de tudo que era possível.

No final das contas, Chiara errou sim, em muitas coisas, mas realmente ela errou tentando acertar, não é só uma piadinha.

A resolução toda do livro me deixou muito feliz e apaixonada pelo amor dos outros, que é como acontece com bons livros. Clara está muito mais madura na sua escrita e isso fica bem evidente nesse livro, me deixando com mais vontade de ver mais e mais livros que ela escreverá ainda.

Se você gosta de comédia romantica, principalmente “As Patricinhas de Beverly Hills”, você vai adorar esse livro. (E, por favor, Clara, faça mesmo o que você disse de tranformar várias romcoms hetero em livros sáficos! Eu tenho certeza que todo mundo vai amar!)

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