21.03

A Canção das Águas
Sarah Tolcser
Editora Plataforma21

SKOOB

Caroline Oresteia está prometida ao rio. Por gerações, sua família ouviu o chamado do deus do rio, que guiou suas embarcações em incontáveis viagens pelas terras fluviais. Aos dezessete anos, Caroline está preparada para conhecer seu destino, após anos ouvindo a voz das águas. Mas o deus do rio ainda não falou o seu nome – e se ele não o fez até agora, existe uma chance de que nunca o fará. Ela decide tomar as rédeas de seu próprio destino quando seu pai é preso por se recusar a transportar um caixote misterioso. Ao concordar em fazer a entrega em troca de sua liberdade, Caroline é pega em uma rede de políticas e mentiras, sem a ajuda do deus do rio e com perigosos piratas atrás da carga. Com tanta coisa em jogo, ela precisa escolher entre a vida que sempre quis e a que nunca imaginou para si.

Existe um deus no fundo do rio.
Algumas pessoas podem lhe dizer que isso é só uma história. Mas nós, povo das barcas, sabemos que não é bem assim.

Nesse post trago a vocês uma dica de livro YA (jovem adulto) de fantasia delicioso para ler em uma sentada só. Estou falando de “A Canção das Águas”, de Sarah Tolcser, lançamento da Editora Platafoma21.
O livro conta a história de Caroline Oresteia, narrado no ponto de vista da mesma, em primeira pessoa. Carô é uma barqueira, filha do capitão de um barco de transporte de carga e por toda sua vida ela viveu navegando pelas águas do rio e ela ama isso. Até que um dia seu pai é preso e, em troca da liberdade dele, ela acaba precisando fazer sozinha uma entrega de uma carga misteriosa, fazendo com que a aventura comece.

A Canção das Águas tem vários pontos positivos para uma boa aventura no gênero Jovem Adulto do jeito que a gente gosta:

Fantasia

– Algo dentro de nós está sempre chamando pelo mundo. – Ela deu de ombros. – Magia é isso: quando alguma coisa no mundo chama em resposta.

O livro tem uma abordagem mística muito boa. A magia aqui é sutil, às vezes QUASE beirando ao realismo mágico. Temos deuses, temos homens das sombras, temos homens-sapo, entre outras criaturas que aparecem com o decorrer do livro. E a existência de muitos desses seres são visto como ceticismo entre muitas pessoas. De todos, o mais interessante para mim foram os deuses e como eles são retratados. O Deus do rio é uma figura muito presente na história, é ele que ajuda os barqueiros em suas navegações e fala com alguns deles através da linguagem das pequenas coisas. O que nos leva ao próximo tópico…

A Protagonista (Girl Power) e os Personagens

O deus no fundo do rio fala com os barqueiros na língua das pequenas coisas.

A Carô espera desde pequena o chamado do deus do rio. Todas gerações dos Oresteia, família do seu pai, foram barqueiros e receberam o dom de falar com o deus e ela ainda aguarda o momento em que ele chamará seu nome. Porém, até agora, isso não aconteceu e ela teme que nunca aconteça. Carô é barqueira desde criança e ama ser uma, ama o rio e ama o seu barco, o barco que acompanha ela e seu pai desde sempre. A descrição do sentimento e apego de Carô com seu barco, o Cormorant, é lindo de ler, juntamente com toda a definição sentimental de o que é ser um barqueiro.

Carô é uma personagem super cativante. Ela é forte e madura, sem dramas adolescentes desnecessários. Ela é uma pirata, uma barqueira, seu estilo é prático, mas ela nunca zomba ou futiliza a feminilidade, sabe? Acho isso muito importante no apoio e ao feminismo. Inclusive, feminismo é um tema recorrente. Caro é uma menina barqueira em um mundo predominantemente masculino de piratas e constantemente é questionada sobre suas habilidades para exercer tal função, porém ela nunca se deixa intimidar.

Ela é uma protagonista aparentemente simples. Ela é feliz com o que ela é o com o que tem. Ela nunca pediu pela aventura e confusões que ela acaba se envolvendo, que a principio nada tem a ver com ela e, de repente, tudo tem a ver. Acho que essa é uma grande magia da construção da Carô, ver o quanto ela não esperava por nada do que ia acontecer e de repente é “forçada” a criar laços, confiar e também amadurecer.

Os outros personagens também são bastante cativantes, mas muitos deles são um mistério a primeira vista e não quero estragar as surpresas para quem irá ler. Vemos a história pelos olhos da Carô e a insegurança dela de em quem ela deve confiar ou o que deve fazer tramitam pela história de acordo com que novos personagens aparecem.

Uma heroína é sempre alguém que quer escapar.

Bem, eu não queria. Eu queria meu pai de volta. Queria, um dia, herdar a Cormorant. Sim, eu não tinha o favor do deus do rio. E daí? Eu ainda podia ser uma barqueira. Aquele barco estava vivo embaixo de minhas botas, era um amigo e um lar. Eu já tinha a vida que eu queria.

Piratas!

E talvez, a melhor parte: PIRATAS. Talvez não de um jeito tão Piratas do Caribe de ser, mas de um jeito mais romantizado (com um toque de fábula), o que não tira o brilho de como é abordado. Praticamente toda a história se passa dentro de barcos, em viagens, em roubos, em ilhas. Às vezes é quase como uma perseguição. O livro é bastante ágil nesse ponto narrativo.

Temos também questões políticas de terras e impérios às margens das águas. Basicamente maior plot desse livro se desenvolve a partir de uns acontecimento políticos que envolvem um certo contrabando que seria muito spoiler para falar. xD

O tempo ou local do livro não é claramente definido na narrativa, mas fica relativamente implícito. Temos um mapa no começo do livro onde mostra “As Terras dos Rios”, mapeando os rios e “reinos” por onde esses rios passam, na qual ajuda muito na localização durante a leitura. Algumas vezes eu sentia uma proximidade até com a cultura brasileira, por causa da presença de rios e criaturas que até parecem fábulas.

– A magia não torna um homem mau – disse ele. – É apenas uma habilidade. Não é inerentemente boa nem má. É o que há no coração que o torna mau, como acontece com todo mundo.

O Romance

Para os amantes de romance, venho dizer que sim, temos nesse livro! E eu adorei o que envolveu ele, tanto os personagens quanto o desenvolvimento foi bem bonito e também divertido. Além de abordar, mesmo que sutilmente, questões muito lindas e importantes, como o consentimento.

– Talvez você quisesse apenas beijar uma garota antes de morrer.
Ele ergueu as sobrancelhas.
– Talvez eu não quisesse morrer sem beijar você.

Simplicidade

Quando eu estava lendo esse livro me bateu uma nostalgia, aquele sentimento de que eu estava lendo um YA de fantasia em 2010, com aquela certa simplicidade misturada com bom gosto de quando a autora pega uma premissa relativamente simples e já conhecida e trabalha nela transformando em algo único. A Canção das Águas é o livro de estreia da Sarah Tolcser e já consigo ver o potencial dela no gênero. Vale lembrar que a principio não se trata de uma trilogia e sim duologia. Whisper of the Tide, o segundo (e último) livro será lançado em junho desse ano e já estou torcendo para que a Plataforma21 não demore para trazer para o Brasil.

– Eu tentei muito escutar o deus. – Minhas unhas se cravaram na palma da mão. – Eu não consigo. Você não sabe qual a sensação de pensar por toda a vida que você é destinada a alguma coisa especial e aí descobrir que você… não é.

Recomendo A Canção das Águas para todos aqueles sedentos por uma leitura rápida e gostosa, que gosta de aventura, protagonistas legais e romance.

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