Cena deletada de Cidade das Cinzas (Publicada em janeiro de 2011)
“Esta cena estava na ARC (cópia prévia) de Cidade das Cinzas, mas mais tarde foi deletada. É uma boa cena para Isabelle, eu penso, mas não foi realmente necessária para a história. Ela começa exatamente no topo da página 288 na ediçao capa dura americana de Cidade das Cinzas.” –Cassandra Clare
Essa cena se passa durante o capítulo 14 (Destemor) de Cidade das Cinzas, quando a Inquisidora vai até a casa do Luke atrás do Jace.
“Que conveniente. Todos estão inconscientes ou aparentemente delirando”, disse a Inquisidora. Sua voz de faca cortou o ambiente, silenciando todo mundo. “Membro do submundo, você sabe perfeitamente bem que Jonathan Morgenstern não deveria estar na sua casa. Ele deveria estar trancado aos cuidados do feiticeiro.”
“Eu tenho um nome, você sabe” Magnus disse. “Não,” ele adicionou, parecendo ter pensado duas vezes antes de interromper a Inquisidora, “que isso importe, realmente. De fato, esqueça isso.”
“Eu sei seu nome, Magnus Bane,” disse a Inquisidora. “e um pouco mais sobre você, além do nome. Você foi criado pelos Irmãos do Silêncio de Madri no século XVII. Eles te deram um nome e o esconderam do mundo quando você tinha 16 anos. Eu sei as coisas que você fez, coisas que você preferiria que ficassem escondidas. Você levou muito tempo para reconstruir sua reputação, e uma palavra minha poderia acabar com tudo outra vez. Então, pense muito cautelosamente, se você quer continuar envolvido nessa situação. Você falhou em seu dever uma vez, e não terá outra chance.”
“Falhei em meu dever?” Magnus franziu o cenho. “Só porque trouxe o garoto aqui? Não havia nada no contrato que assinei dizendo que eu não poderia trazê-lo comigo sob minha própria vontade.”
“Essa não foi a sua falha.” disse a Inquisitora. “Deixá-lo ver seu pai na noite passada, essa foi a sua falha.”
Houve um silencio atordoado. Alec se levantou rapidamente, seus olhos procurando os de Jace – Mas Jace não olharia para ele. Sua face era uma máscara.
Luke falou primeiro. “Isso é ridículo.” ele disse. Clary raramente o via parecendo tão bravo. “Jace sequer sabe onde Valentine está. Pare de persegui-lo.”
“Perseguir é o meu trabalho, homem do submundo,” disse a Inquisitora. “É o meu dever.” Ela se virou para Jace. “Diga a verdade, agora, garoto,” ela disse, “e isso será muito mais fácil.”
Jace ergueu seu queixo. “Eu não tenho que lhe contar nada.”
“É verdade?” As palavras da Inquisitora eram como o movimento de um chicote. “Se você fosse inocente, por que não se justifica? Conte-nos onde você realmente estava na noite passada. Conte-nos sobre o prazeroso barco de Valentine.”
Clary encarou-o. Ela não podia ler nada em seu rosto. Eu fui caminhar um pouco, ele havia dito. Mas aquilo não dizia nada. Talvez ele realmente tenha ido caminhar. Mas seu coração, seu estômago, sentia calafrios. Você sabe o qual é a pior coisa que posso imaginar? Simon tinha dito. Não acreditar em alguém que amo.
Quando Jace não disse nada, Robert Lightwood disse, em sua voz grave e profunda: “Imogen? Você está dizendo que Valentine está – estava- em um barco?”
“No meio do East River.” disse a Inquisitora. “É isso.”
“É por isso que não pude encontrá-lo,” Magnus disse, parcialmente para si mesmo. Ele continuava parecendo atordoado. “Toda aquela água — interrompeu meu feitiço.”
“Mas como Jace pode ter chegado lá?” Luke disse, perplexo.
“Caçadores de sombras são bons nadadores, mas a água do rio é congelante – e imunda”
“Ele voou,” disse a Inquisitora. “Ele pegou emprestada uma motocicleta do líder do clã de vampiros e voou para o navio. Não está certo, Jonathan?”
Jace baixou suas mãos para os lados, e elas estavam fechadas em punhos. “Meu nome é Jace.”
“Não há nenhum Jace. Jace é um fantasma, uma construção sua e de seu pai inventada para enganar os Lightwoods para amarem você. Você é filho de seu pai e você sempre foi.”
A Inquisitora se virou para Isabelle. “Vá ao redor das laterais desta casa,” ela disse. “Você encontrará um beco estreito de lixo. Há algo bloqueando a extremidade, algo coberto com uma lona. Volte e nos diga o que é.”
“Izzy.” Jace extenuado com a tensão. “Você não tem que fazer o que ela lhe disse.”
Os olhos escuros de Isabelle estavam estalando como foguetes. “Eu quero. Eu quero provar para ela que ela está enganada sobre você.” Ela falou como se a Inquiridora não estivesse ali, enquanto ela se levantava. “Eu já volto.”
“Isabelle…”
Mas ela tinha já partido, a porta batendo suavemente atrás dela. Luke veio até Jace e tentou colocar uma mão sobre seu ombro, mas Jace a retirou e ficou à espera encostado na parede. A Inquiridora estava olhando para ele avidamente, como se ela quisesse beber cada gota de sua tristeza como vinho. Cadela cruel Clary pensou. Por que ela está o torturando ele desse jeito?
Por que ela estava certa. A resposta veio como se outra voz, uma voz traiçoeira, tivesse falado dentro de sua cabeça sem seu desejo ou permissão. Ele fez exatamente o que ela disse que ele fez, olhe para seu rosto.
Embora o rosto de Jace fosse um vazio, seus olhos eram vivos atrás da plana e serena fachada. Talvez tudo isso fosse parte de algum plano seu para desacreditar a Inquisitora. Embora ela não parecesse como se temesse o descrédito, ela parecia…
A porta da frente se abriu subitamente com um baque e Isabelle marchou de volta para a sala, seu cabelo preto chicoteando ao redor de seu rosto. Ela olhou do atento rosto da Inquiridora para os preocupados de seus pais, da mandíbula apertada de Jace para a careta furiosa de Alec, e disse, “Eu não sei do que ela está falando. Eu não encontrei nada.”
A cabeça da Inquiridora chicoteou para trás como uma cobra naja. “Sua mentirosa!”
“Cuidado com o que você chama minha filha, Imogen,” Maryse disse. Sua voz era calma, mas seus olhos eram chamas azuis.
A Inquisitora a ignorou. “Isabelle,” ela disse, suavizando seu tom com um óbvio esforço, “sua lealdade para seu amigo é compreensível…”
“Ele não é meu amigo.” Isabelle olhou para Jace, que estava olhando para ela em um tipo de deslumbramento. “Ele é meu irmão.”
“Não,” disse a Inquiridora, em um tom que era quase de piedade, “ele não é.” Ela suspirou perceptivelmente. “Você percebe que é uma grave violação da lei negar informação a um oficial da Clave?”
Isabelle levantou seu queixo, seus olhos faiscando. Naquele momento ela parecia nada mais do que uma cópia menor de sua mãe. “É claro que eu percebo. Eu não sou estúpida.”
“Por Cristo, Imogen,” Luke rebateu, “você honestamente não tem nada melhor a fazer do que intimidar um bando de crianças? Isabelle disse a você que ela não viu nada, agora deixe disso.”
“Crianças?” A Inquisidora voltou o olhar gelado para Luke. “Assim como vocês eram crianças quando o Ciclo planejou a destruição da Clave? Assim como o meu filho era uma criança quando…” Ela se interrompeu com uma espécie de engasgo, como se estivesse assumindo o controle de si mesma por pura força.
“Então isso é sobre Stephen afinal?” Luke disse, com uma espécie de pena em sua voz. “Imogen…”
O rosto da Inquisitora se contorceu. “Isso não é sobre Stephen! Isso é sobre a lei!” Ela se virou para Isabelle, que recuou, assustada pela fúria no rosto da mulher mais velha. “Ao me desafiar, você quebra a lei, Isabelle Lightwood! Eu poderia arrancar de você as suas Marcas por isso!”
Isabelle tinha recobrado sua compostura. “Você pode pegar sua lei,” ela disse em um tom calculado, “E enfiar ela direto no seu…”
“Ela está mentindo.” As palavras foram faladas sem rodeio, quase sem emoção. Para perceber que era Jace falando, ele se moveu para ficar em pé em frente à Inquiridora, parcialmente bloqueando Isabelle de sua visão. “Você está certa. Eu fiz tudo o que você disse que eu fiz. Eu peguei a moto, eu fui para o rio, eu vi meu pai, e eu voltei e escondi a motocicleta no beco. Eu admito tudo isso. Agora deixe Isabelle em paz.”
[Traduzido por Equipe IdrisBR. Dê os créditos. Não reproduza sem autorização.]