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Resenha: [Joona Linna #9] A aranha – Lars Kepler

Sinopse: Três anos atrás, a detetive Saga Bauer recebeu um cartão-postal com uma mensagem perturbadora: “Eu tenho uma pistola Makarov vermelho-sangue. Há nove balas brancas no carregador. Uma delas está reservada para Joona Linna. A única pessoa que pode salvá-lo é você.” O tempo passou e a ameaça não se cumpriu, parecendo apenas uma provocação sem sentido. Até agora.
Um corpo quase completamente dissolvido é encontrado em um saco, amarrado por cordas, nas cercanias do porto de Kapellskär, no mar Báltico. Uma bala branca também está na cena do crime. Logo a polícia percebe a conexão com a ameaça recebida por Saga, e se sucedem mais cartões-postais, apresentando enigmas que a polícia busca elucidar na tentativa de interromper a série de mortes.
Joona Linna e Saga Bauer tentam desesperadamente identificar o assassino, mas talvez já estejam tão enredados em sua teia que seja impossível impedir que ele faça cada vez mais vítimas.

Eu ando com um certo problema atualmente. Eu tenho achado difícil me conectar aos livros que estou lendo e mais difícil ainda falar sobre eles depois para expor minha opinião. Parafraseando Gus de “A Culpa é das Estrelas”: minhas ideias são como estrelas difícil de colocar em constelações. Dito isso, eu tenho que vir falar sobre “A aranha” porque esse livro sim me prendeu de uma forma que eu achava difícil até largar ele pra dormir porque precisava saber o que aconteceria em seguida.

Não é segredo pra ninguém que eu adoro os livros de Lars Kepler, eu já falei isso em todas as resenhas que já fiz (e vocês podem ler elas aqui), então mantenha em mente que essa resenha pode – e provavelmente vai – conter spoilers do último livro antes desse.

Como que você pode lidar com um terror que te cerca e que mesmo depois de morto parece que ainda tem um controle descomunal em cima de você? É onde Joona Linna e Saga Bauer se encontram depois de todo acontecimento no livro anterior com tudo que Jurek fez eles passarem. Mesmo com a morte do grande vilão, ele ainda consegue atormentar os dois, fazendo com que, no momento em que “A aranha” começa, eles dois estão em um lugar obscuro.

“Agora Jurek Walter está morto, mas algo que se dissipa não desaparece de vez, como se nunca tivesse existido. Quando alguma coisa cessa de existir, deixa para trás um perigoso vazio — um vazio que, mais cedo ou mais tarde, acabará por ser preenchido de uma forma ou de outra.”

Saga não está mais na polícia porque ela precisa cumprir as terapias mandatórias para voltar por sofrer com transtorno de estresse pós-traumático com a morte do pai e da irmã dela nas mãos de Jurek, ela passa o tempo trabalhando em uma agência de detetives para ter o que fazer quando ela sabe da morte de uma pessoa que ela conhece – e ela logo liga isso a um cartão-postal que ela tinha recebido três anos atrás em que fala que ela é a única capaz de parar o assassino antes que ele chegue a última vítima que será Joona Linna.

Joona também não está bem. Ele começou a se envolver com opio para não ter que pensar no que Jurek disse a ele antes de morrer e isso está corroendo ele, fazendo com que não consiga ser um detetive tão bom quanto era antes. Quando a primeira morte acontece e, como eu falei acima, Saga conecta com o cartão postal, ela também começa a receber sempre pistas do assassino: uma caixa e dentro dessa caixa sempre tem papéis embrulhando uma mini estatua de quem será a próxima vitima – e nesses papeis, sempre uma pista de onde a vitima será morta e de onde ela será encontrada.

“Tudo o que ela toca acaba contaminado e depois morre.”

Sinceramente, pra mim, “a aranha” foi a assassina mais cruel depois de Jurek. Não só ela matava suas vítimas, onde quer que elas estivessem – e era bizarro como ela tinha stalkeado as suas vítimas num ponto que ela sabia exatamente onde as pessoas estariam e o que elas fariam naquele momento da caça – como ela as colocava dentro de uma bolsa com um produto químico dentro que fazia as peles derreterem enquanto as vítimas ainda estavam vivas.

Não é preciso ser gênio para ver que por conta de tudo que Saga passou e por causa de ser o único elo com a aranha, logo ela começa a se tornar uma suspeita e com isso acaba sendo afastada da investigação – menos por Joona, que não acredita nem por um minuto que Saga estaria por trás de tudo aquilo, deixando os outros detetives até confusos de como ele não consegue ver como todas as provas apontam para Saga.

“Ele não tinha medo de morrer, queria apenas me levar a acreditar que eu me tornaria igual a ele… E as palavras dele me acompanham desde então, me fazem duvidar de mim mesmo. Mas se eu fosse igual a ele, movido apenas por meus próprios desejos obscuros e nada mais, eu teria te matado aqui e agora.”

Como não podia ser diferente em um livro de Lars Kepler, a ação não para nenhum segundo nesse livro, o que causa a tensão ficar ainda maior, porque o tanto de vezes que eles chegam quase perto de pegar a aranha e não conseguem é difícil até de contar. Eu ficava literalmente me torcendo na cama de nervosismo e ansiedade, querendo que acabassem logo com aquilo antes que ela enfim chegasse em sua nona vitima, afinal, ela não parecia perder nunca – e eu não queria que nada acontecesse com Joona.

O tanto que Jurek destroçou a vida de Joona e Saga fica bem claro nesse livro. Nós acompanhamos eles, em seus pontos de vista, sobre como estão levando a vida naquele momento e podemos ver absolutamente tudo que a mente deles pensa, como eles sofrem, mesmo agindo como se estivesse tudo bem, e eu arrisco dizer que a falta de confiança em Saga, apesar de justificada por detetives que não a conheciam bem, não ajudou muito ela a pensar que podia ficar melhor do que ela estava naquele momento tão ruim.

“Talvez ela não esteja pronta para ser feliz, e pode ser que não mereça Rick ou Randy, mas deveria parar de se punir, parar de se machucar.”

Eu sinceramente fiquei surpresa com a forma com que os assassinatos da aranha se conectavam com livros anteriores – e não posso falar mais do que isso para não correr risco de dar spoiler de quem é o assassino e porque está fazendo tudo que faz. Mas é interessante demais pra mim a forma com que as cabeças de Lars Kepler funcionam (se vocês não sabem ainda, Lars Kepler é um pseudônimo do casal Alexander e Alexandra Ahndoril), como eles conseguem escrever uma história repleta de mortes chocantes e de personagens tão bons quanto os que tem nos livros deles.

Joona e Saga são, sem sombra de duvidas, dois dos meus personagens favoritos de todos os livros que já li. E eu poderia ler mais um milhão de livros com eles investigando casos – e provavelmente vou, já como esse casal maravilhoso sempre aparece com uma historia nova e outra e outra.

Acho que é importante frisar aqui que não é necessário ler todos os livros anteriores para ler esse – eles explicam as coisas que aconteceram que afetam diretamente essa história. Mas vale a pena ler, então dê uma chance! Vocês não vão se arrepender!

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