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Resenha: Entre Luas – Silvia Meirelles Kaercher

Sem delongas, comecemos essa resenha com a sinopse: “Pietra Jimenez é uma famosa arqueóloga e pesquisadora da antiga civilização de Arkear.
Ulisses de Barros é um empresário que encontra um artefato raro em uma viagem ao Jalapão. Ele convence a arqueóloga a ir até o local investigar e desvendar os mistérios que envolvem a peça.
Mas o que era para ser uma descoberta inigualável, se torna um desafio quando Pietra mergulha em um fervedouro. Uma civilização avançada espera por ela, assim como um general disposto a tudo para proteger o seu reino.
Romance, mistério, perigos. O que Pietra menos encontrará, serão respostas.”

Deixei as palavras da autora começarem essa resenha pois sinceramente não achei melhor forma de fazê-lo. Mas então vamos destrinchá-las: caso não conheça, e o “Jalapão” não tenha entregado, Silvia Meirelles Kaerche é autora nacional e esse livro se passa – parcialmente – no nosso Brasil brasileiro e não que o lugar por si só não seja capaz de atrair até o mais indiferente dos seres, após a leitura é ainda mais impossível não morrer de vontade de conhecer esse pedaço de paraíso em Tocantins.

Tão impressionante quanto é Arkear, um reino de outra dimensão que carrega a arquitetura e vestimentas da Grécia Antiga com uma tecnologia literalmente de outro mundo de tão avançada! E é lindo! As descrições são maravilhosas e nos fazem imergir naquele mundo sem questionar sua existência ou lógica. A apresentação dos cenários é realmente de uma maestria ímpar.

A trama se embrenha entre romance, fantasia, ficção científica e drama político num ritmo que, na maior parte, funciona porém em alguns pontos o texto apresenta certa fragilidade que demonstra indecisão sobre qual gênero quer seguir e isso compromete sua fluidez, especialmente nos momentos de transição narrativa. Que fique claro, são pontuais! Mas estão lá. O arco político, por exemplo, segue um rumo espetado mas não óbvio que traz ciência da complexidade do assunto sem torná-lo confuso ao mesmo tempo que deixa outros cenários completamente possíveis, dando tridimensionalidade às decisões dos personagens.

Só que, por eficiente que seja a construção de mundo e mais bem utilizados sejam seus cenários encantadores, uma narrativa é tão boa quanto seus personagens e aqui jaz o tropeço da obra: mesmo com coadjuvantes bem desenvolvidos, os protagonistas não conseguem cativar. Pietra, construída pra ser independente, adulta e madura, constantantemente age de forma diametralmente oposta, se submetendo às vontades de Saulo em controversas cenas de ciúmes e insegurança e quando toma decisões sozinha, o faz movida por pura teimosia insensata e quase sempre precipitada.

Saulo era pra ser nosso protagonista ‘moralmente cinza’. Impetuoso general, cruel se necessário para proteger seu povo e aqueles que ama mas com senso de bravura, honra e dever inabaláveis. Era, porque ele soa apenas antipático, possessivo e arrogante. O amor pode não ser questionado mas a relação entre os dois é, no mínimo, problemática e o enredo perde muito pra diversas cenas desse relacionamento duvidoso.

Com uma conclusão corrida que ao mesmo tempo poderia ser mais enxuta, infelizmente a sensação que fica é que Arkear e suas paisagens pode ser um paraíso perdido mas o amor predestinado do casal protagonista, que ao longo de toda narrativa luta contra isso – literal e metaforicamente – soa mais como uma maldição inexorável dos deuses arkeanos do que um final feliz.

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