13.06

Cassandra Clare postou a pouco, em seu tumblr, um longo texto sobre a principal morte de “Lorde das Sombras”, e, com ele, falou bastante sobre as consequências para o resto da série e também para “The Wicked Powers”, a próxima trilogia.

Claro que o post contem SPOILERS pesados, com nomes de todas as mortes de “Lorde das Sombras”, então tenha certeza de que quer continuar a ler a partir daqui.


Perguntas & Respostas: POR QUÊ?

books-netflix-and-pizza disse: Oi, uma pergunta. Por quê?

catherine-crebbin2001 disse: ALERTA DE SPOILER PARA AQUELES QUE NÃO LERAM LoS Ei, Cassie, acabei de ler “Lorde das Sombras” e queria saber se sempre seria Livvy que morreria? Você chorou quando escreveu a cena ou se vangloriou sabendo que seus leitores seriam partidos em dois e passariam horas de luto pela morte de uma criança, assim como Emma e as crianças Blackthorn? Como você decide com os nomes dos personagens (para todas as séries)? Eu queria saber como Morgenstern é um nome, pois não estava na lista do Códex?

ginevre disse: Acabei de terminar e eu sei que devo ser um dos muitos que estão chorando no seu inbox, mas por queeeeeeeeeee??? Por que ela teve que morrer? Por que você fez isso? Estou completamente arrasada… Por favor, você precisa explicar. Eu preciso de encerramento. Eu me sinto um pouco como Emma, desesperada pra saber por que seus pais tinham que morrer. Preciso saber por quê. Por favor.

Olá! Sim, claro, esta é uma pergunta que estou recebendo bastante, e esperava receber.

Essa sempre seria a história em que Livvy morreria. Quando eu a estava escrevendo em “Cidade do Fogo Celestial”, eu sabia que ela iria morrer em “Lorde das Sombras”. Eu até sabia como e onde. Em certo sentido, a morte de Livvy, ocorrendo como no centro da trilogia, é sobre o que é essa história.

Muitas vezes, penso quando recebo esse tipo de pergunta do tipo “Por que isso e por que ter que morrer?” tem muito a ver com as pessoas esperando que os vilões morram e ninguém mais. Há muitas histórias como essa. Os vilões fazem muitas escolhas ruins, e muitas vezes precisam morrer para que seu mal seja parado: uma morte assim é facilmente compreendida. Mas quando alguém é inocente, como Livvy, então não é uma razão: obviamente ela não precisa ser parada antes de explodir o universo. Livvy não fez nada de errado e não merece a morte, então por quê?

E é aí aonde acredito que existem diferentes tipos de histórias. Elas servem para diferentes fins. Há histórias em que ninguém morre, exceto as pessoas más que merecem, e há histórias em que as pessoas boas morrem porque é o que acontece na vida real, e uma das experiências mais universais que os humanos têm é perder alguém que amava para a morte e se perguntar: “Por quê? Por que isso aconteceu?” Outra experiência humana importante que nós compartilhamos é quando as pessoas são mortas por motivos injustos, porque seu governo ou alguém no poder os feriu e, é claro, nos perguntamos por que e como isso poderia ter acontecido e por que um governo faria isso com o próprio povo, e de muitas maneiras, essas são as questões que conduzem “Os Artifícios das Trevas”, que são livros notoriamente políticos.

Quanto ao ficcional (no sentido de como isso constrói a história) as razões para que Livvy tivesse que morrer: essa é uma história sobre os Shadowhunters entrando em um dos períodos mais obscuros que os Shadowhunters vão conhecer. Essas são pessoas que vão lá e se arriscam morrer lutando contra demônios todo o tempo; eles morrem cedo e frequentemente. Durante esses livros, os Blackthorns se colocaram em perigo de novo, de novo e de novo. Livvy se machuca no Shadow Market, quase morta pelos Riders: ela mal escapa da morte de novo e de novo, até que no fim, ela não escapa. Porque se nenhum Shadowhunter inocente morrer, o que isso diz sobre a história é que de fato o risco não é tão arriscado assim, e se você não for uma pessoa má, não importa que você está bravamente lá fora lutando contra demônios. Você vai ficar bem, contanto que você não planeje uma guerra ou uma invasão demoníaca.

Mas essa não é essa história. Ninguém está a salvo enquanto fizer escolhas decentes. Jon não merecia ter morrido também, nem Arthur. Nem Max ou Raphael em TMI, ou Jessamine em TID. Nenhum dos livros dessa série protegeu todas as pessoas boas, mesmo que eu entenda que a da Livvy é de muitas maneiras a morte mais brutal e intima que nós tivemos que testemunhar e que é muito difícil. Escrever a reação de Emma e Julian foi quase impossível. Não fica mais fácil, mesmo se você sabe o que está vindo e o que vai acontecer. Me perguntaram “Por que não matar Zara, Samantha, Manuel, Jessica, Horane, qualquer outro dos fanáticos irritantes, etc?” Bom, em partes porque isso reforça a ideia de que você morre porque você é ruim — o que não é muito reconfortante para todos nós que perdemos alguém que amamos. Nós sabemos que eles não morreram porque eles eram pessoas péssimas, e a literatura que diz que eles eram é o oposto de reconfortante ou realista. E também porque essa história é sobre os Blackthorns; nenhuma dessas pessoas era importante para os Blackthorns, e matar eles não mudaria a vida dos Blackthorns de jeito nenhum.

A realidade dos Blackthorns sempre foi estruturada em torno da crença que Julian e todos seus irmãos (e Emma) vivem: que a família Blackthorn tem que permanecer intacta, e que tem um jeito de controlar isso completamente. Tudo que Julian e Emma tem feito — e os outros personagens não ficam de fora, porque eles todos também tem sido parte disso — tem sido sobre controlar uma situação desesperada. De fato, eles tem sido tão bons nisso que eu acho que lendo, às vezes é fácil esquecer o quão frágil a situação deles é, como ela está presa em uma torre de mentiras, encobrimentos cuidadosos, atuação e fingimentos. Ninguém pode culpar Julian: é claro que ele não quer sua família dividida e destruída. Mas enquanto os Blackthorns vão atravessando LoS, eles tomam riscos ainda maiores até uma situação em que eles estão literalmente lutando contra Riders imortais sozinhos e se não fosse a aparição repentina de Annabel, eles provavelmente estariam todos mortos. (O que é um pouco irônico.)

Em outras palavras, eles estão em uma situação insustentável e tem se mantido juntos o quanto conseguiram por causa da bravura de Emma e da inteligência, determinação e habilidade de manipular de Julian, e todos outros — Diana, Cristina, Mark, Ty, Livvy — tem ajudado essa situação a continuar. A história tem sido assistir o Grupo do Bem, cuidadosamente pular de um bloco acima do outro, de novo e de novo e de novo. E não importa o quão habilidoso você seja e suas intenções sejam boas, eventualmente aquele ultimo bloco vai ser demais e a torre vai cair.

Isso não é uma punição para os Blackthorns. Isso não é porque Julian estava errado e fez coisas ruins, nem nenhum dos seus irmãos (mesmo que a gente tenha visto que Julian está disposto a fazer assustadoramente qualquer coisa, e seu ultimo plano, mesmo que brilhante e teria-funcionado-se-Magnus-não-tivesse-adoecido-o-que-Julian-não-tinha-como-prever, foi um pouco mais do que assustador) — essa é porque a razão pela qual eles estão nessa situação em primeiro lugar é porque a Clave é podre em seu coração.

A Clave sempre foi a sombrio a vilã secundária desses livros. Eles são um governo e, como todos os governos, são constituídos principalmente por uma mistura de pessoas: boas e ruins. No entanto, desde TMI – realmente desde a decisão de impor a Paz Fria – a Clave mostrou cada vez mais o seu lado ruim, reacionário e preconceituoso. Vimos mais e mais como as atitudes afetaram qualquer um que eles veem como fora do padrão de uma forma rígida: na história de Alec, na história de Helen, do Mark, da Diana, do Ty. Os Blackthorns estão sofrendo por causa da Clave. Eles são forçados a essa situação impossível por causa da Clave. E quando isso termina explosivamente, quando Livvy é assassinada no Salão do Conselho, há uma linha direta da rígida falta de consideração da Clave em relação a sua morte.

E, sem a morte dela, as consequências reais das coisas realmente ruins que a Clave tem feito poderiam ser algo que já conhecemos, mas não teria sido algo que nós (ou os personagens) sentimos. Os personagens serão capazes de dar significado e mudarem com a morte de Livvy: seria esse o evento que finalmente derrubaria a Clave? Em resumo, a morte de Livvy é, acima de todas, uma morte policia: é o motivo pelo qual ela está morta, quando ela morreu e como ela morreu. Grandes mudanças não são frequentes sem grandes perdas. Isso é tanto verdade para as pessoas quanto para a politica. Sem a morte de Livvy, a trama e as mudanças do mundo que guiam “Queen of Air and Darkness” não teriam acontecido; sem a morte dela, as mudanças nos personagens que guiam “Queen of Air and Darkness” não teriam acontecido. Essa história não teria sido essa história: teria sido uma história diferente, e eu acredito, menor. (Eu sei que você terá que esperar para ver isso, espero que você possa aguentar até lá).

Essa história sempre teve um catalizador. No livro um, sabemos que o conto de Malcolm e Annabel é paralelo à nossa história atual. Sabemos que, no final, é sangue Blackthorn. Sabemos que a Annabel é sobre uma pessoa inocente, brutalizada e morta, e que seu sangue está nas mãos dos Blackthorn e da Clave. A ideia de que sua morte ser vingada perdurou sobre os Blackthorns como uma foice desde “Dama da Meia-Noite”. Malcolm e Annabel são um espelho de Emma, Jules e os outros. É fácil para eles julgarem o Malcolm pelo o que fez, e vem fazendo, desde a morte de Annabel: e quando eles estão na mesma posição? Será que eles vão fazer escolhas melhores? Eles podem afastar a ideia de vingança? Será que eles poderão ser pessoas melhores do que Malcolm e Annabel foram? Essas são as grandes questões que só podem ser feitas a partir da morte Livvy, porque, para tornar sua história um espelho efetivo do passado, uma perda igualmente grande teve que acontecer no presente.

É doloroso ler sobre a dor dos outros, mas, em parte, é por isso que temos livros, porque eles são um espelho da vida: eles nos mostram as pessoas passando pelo o que também passamos, eles nos mostram que eles conseguem e como fizeram isso, e isso importa. Como eles dizem: Lemos para saber que não estamos sozinhos. A morte de Livvy não será ignorada; ela terá significado e mais repercussões do que podem ser adivinhadas agora. As pessoas vão dizer que Livvy merecia algo melhor e ela merecia, e essa é a questão. Essa é a história de uma morte injusta (mais de uma), e como ela terá consequências não apenas em uma família, mas em uma sociedade. Não era necessário apenas definir a forma e o tema da série, mas sim transformar todos os outros personagens nas pessoas que precisam ser para o resto de TDA e de TWP. Foi necessária essa mudança de natureza de como os personagens se relacionam com a Clave. As pessoas já se perguntaram qual seria o momento em que a Clave deixou de ser um mal necessário e se tornou o real vilão da série: esse é o início desse momento de rebelião, e Livvy é o seu símbolo.

Ave atque vale, Livia Blackthorn.

Lorde das Sombras” será publicado pela Galera Record no segundo semestre aqui no Brasil, sem data especifica ainda.

Para ler a sinopse de “Lorde das Sombras” e saber tudo sobre “Os Artificios das Trevas”, venha AQUI.

Para saber tudo sobre “The Wicked Powers”, venha AQUI.

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