Onde os Anjos Temem Pisar (Cena excluída de Cidade de Vidro)

Cena Deletada de Cidade de Vidro (publicada em 2010)

“Esse é o jeito que a cena que começa na página 160 de Cidade de Vidro (edição americana), capítulo 7, onde Clary e Sebastian visitam Magnus disfarçado como Ragnor Fell, realmente era. Houve um desenvolvimento muito mais elaborado, que eu cortei por motivos de estimulação. Mas a cena original ainda mostra Magnus em calças Saruel.” – Cassandra Clare

Cena: Onde os Anjos Temem Pisar (Ragnor Fell)

“Nós estamos aqui.” Sebastian disse abruptamente – e tão abruptamente que Clary se questionou se não o teria ofendido de alguma maneira – e escorregou do dorso do cavalo. Mas seu rosto, quando ele a olhou, era somente sorrisos. “Nós fizemos um bom tempo” ele disse, amarrando as rédeas ao ganho mais baixo de uma árvore próxima. “Melhor do que eu pensei que faríamos.”

Ele indicou com um gesto que ela deveria desmontar, e depois de alguns momentos de hesitação, Clary também desceu do cavalo caindo em seus braços. Ela o agarrou quando ele a segurou, suas pernas estavam bambas depois de uma longa viagem. “Desculpe” ela disse envergonhada “Desculpe – eu não pretendia te agarrar.”

“Eu não me desculparia por isso.” Seu hálito estava quente em seu pescoço e ela estremeceu. As mão dele ligeiramente subiram às costas dela relutante em deixá-la ir. “Eu gosto desse casaco” ele disse, com olhos tão persistentes quanto suas mãos haviam sido agora a pouco. “Ele não só a deixa ótima, como a cor faz seus olhos parecerem ainda mais verdes.”

Isso tudo não estava ajudando as pernas de Clary sentirem-se um pouco menos instáveis. “Obrigada” ela disse, sabendo muito bem que ela estava corando e desejando de todo coração que a sua pele clara não apresentasse cor tão facilmente. “Então – é aqui?” Ela olhou ao redor – Eles estavam parados no meio de um vale entre colinas baixas. Havia um número de árvores retorcidas com aparência variou em torno de uma clareira. Seus galhos retorcidos possuíam uma espécie de beleza escultural contra o céu azul metálico. Mas de qualquer maneira… “Não há nada aqui”, Clary disse com uma careta.

“Clary.” Havia riso em sua voz. “Concentre-se.”

“Você quer dizer – um glamour? Mas eu normalmente não tenho que…”

“O glamour em Idris é um pouco mais forte do que em outros lugares. Você precisa tentar mais fortemente do que você costuma fazer.” Ele pois suas mãos nos ombros dela e a virou gentilmente “Olhe para a clareira”

Clary Olhou. E silenciosamente realizado o truque mental que lhe permitiu retirar o glamour da coisa escondida. – E lá estava, uma pequena casa de pedras com um telhado acentuadamente empinado, a fumaça da chaminé torcia-se em um rabisco elegante. Um caminho sinuoso revestido com pedras levou até a porta da frente. No instante em que ela olhou, a fumaça que saia da chaminé parou seu rodopio e começou a assumir a forma de um ondulado ponto de interrogação negro.

Sebastian riu. “Eu acho que isso significa ‘Quem está aí?'”

Clary apertou o casaco contra si. De repente, ela sentiu um frio inexplicável – o vento soprando no nível da grama não era tão rápido, no entanto havia gelo em seus ossos. “Parece algo saído de um conto de fadas.” Sebastian não discordou, apenas começou a subir a calçada da frente. Clary o seguiu. Quando chegaram os degraus da frente, Sebastian pegou a mão dela. Imediatamente, a fumaça ondulada da chaminé parou de se transformar em pontos de interrogação e começou a soprar para fora em forma de um torto coração. Clary arrebatou-lhe a mão para trás, sentiu-se logo culpada, e estendeu a mão para o batente de porta para disfarçar seu constrangimento. Foi pesado e de bronze, a aldrava em forma de gato, e quando ela deixou cair ele bateu na porta de madeira com uma paulada satisfatória.

A paulada foi seguido por uma série de ruídos de estalo e clicks. A porta estremeceu e abriu-se. Além dela, Clary podia discernir apenas escuridão. Ela olhou de soslaio para Sebastian, a boca subitamente seca. Tal como uma casa de conto de fadas, ela disse. Exceto que as coisas que viviam em cabanas, nos contos de fadas nem sempre foram boazinhas.

“Ao menos não é decorada com doces e pão-de-mel.” Sebastian disse, como se lesse os pensamentos dela. “Eu posso entrar primeiro, se você quiser.”

“Não.” Ela balançou a cabeça. “Nós vamos juntos.”

Eles mal haviam passado quando a porta se fechou atrás deles, ocultando toda a luz. A escuridão era implacável, impenetrável. Algo roçou contra Clary na escuridão e ela gritou.

“Sou eu,” Sebastian disse irritado “Aqui – segure minha mão.”

Ela sentiu os dedos dele para tatearem pelos dela na escuridão, e desta vez ela pegou em sua mão com um sentimento de gratidão. Estúpida, pensou ela, apertando os dedos Sebastian firmemente, estúpida por vir aqui assim. Jace ficaria furioso

Luz de repente cintilou na escuridão. Dois olhos brilhantes apareceram, verdes como os de um gato, pendurados contra a escuridão como jóias. “Quem está aí?” disse uma voz – macia como a pele, afiada como cacos de gelo.

“Sebastian Verlac e Clarissa Morgernstern. Você nos viu chegando a pé.” a voz de Sebastian soava alta e forte. “Eu sei que estava nos esperando, minha tia Elodine me contou onde achá-lo. Você fez um trabalho para ela antes…”

“Eu sei quem vocês são.” Os olhos piscaram levando-os momentaneamente de volta a escuridão “Sigam a luz das tochas.”

“As o quê?” Clary se virou, sua mão continuava na de Sebastian, ao tempo de ver um número de tochas acenderem uma atrás da outra formando uma linha, até que um caminho foi iluminado em chamas, diante deles. Eles seguiram o caminho de tochas de mãos dadas como João e Maria seguindo a trilha de migalhas de pão na floresta escura, embora Clary se perguntava se as crianças do conto de fadas estariam com as mãos tão firmemente apertadas. O chão rangia suavemente por baixo de seus pés. Olhando para baixo Clary viu que o caminho estava cheio de cacos de um preto brilhante, como carapaças de insetos enormes.

“Escamas de dragão”, disse Sebastian, seguindo o olhar dela. “Eu nunca vi tantas…”

Dragões são reais? Clary gostaria de ter dito, mas parou a si mesma. Claro que dragões eram reais. O que Jace sempre dizia a ela? Todas as histórias são reais. Antes que ela pudesse repetir isso alto, o caminho abriu-se diante deles, e eles se encontraram em um jardim aberto iluminado pelos raios do Sol. Ao menos, ao primeiro olhar parecia um jardim. Haviam árvores cujas folhas brilhavam em prata e ouro, e o caminho era ladeado por bancas de flores e no centro do jardim uma espécie de pavilhão com paredes de seda brilhante. O caminho de tochas continuava até sua frente, ladeando o pavilhão, mas ao seguirem o caminho Clary viu que as flores dos dois lados do pátio eram engenhosas criações de papel e pano. Não haviam insetos zumbindo nem pássaros cantando. E quando ela olhou para cima, ela viu que não havia céu acima de deles, apenas um pano de fundo pintado de azul e branco, com uma única luz resplandecente brilhando sobre eles, onde o sol deveria estar.

Eles chegaram ao pavilhão. Dentro dele, Clary apenas podia vislumbrar o pano, movendo-se ao brilho de luz de velas. Sua curiosidade ganhou caminho pelos seus nervos, e ela soltou a mão de Sebastian e abaixou-se através de uma brecha no cortinas de seda pesada. Clary olhava. O interior do pavilhão parecia algo saído de uma cópia ilustrada das Mil e Uma Noites. As paredes eram de seda dourada, o chão coberto de tapetes bordados. Flutuando, bolas de ouro derramavam incenso que cheirava a rosas e jasmim, o cheiro era tão espesso e doce que a fez tossir. Haviam almofadas de contas espalhadas por toda parte e um sofá grande baixo, com almofadas espalhadas pelas bordas. Mas isso não foi o motivo de ela estar olhando. Ela estava preparada para algo fantástico, até mesmo bizarro. Ela estava, no entanto, foi preparada para a visão de Magnus Bane – vestindo um colete de malha de ouro e um par de calças saruel de seda transparente – soprando suavemente em um cachimbo de água fantasticamente grande, com uma dúzia de pequenas ondas de fumaça.

“Bem-vindo à minha humilde morada.” A fumaça que flutuava em torno das orelhas de Magnus transformou-se em pequenas estrelas conforme ele sorriu. “Alguma coisa que eu possa fazer por vocês? Vinho? Água? Icor?”

Clary encontrou sua voz. “Uma explicação seria ótima! O que diabos você está fazendo aqui?”

“Clary” Ela não havia percebido que Sebastian havia a seguido para dentro do pavilhão, mas ele havia, e olhava para ela em horror “Não há motivos para ser rude “

“Você não entende!” ela dirigiu-se a Sebastian consternada pelo olhar em seu rosto. “Algo não está certo…”

“Está tudo bem Clary” ele disse. Ele virou-se para Magnus, seu queixo firmemente endurecido. “Ragnor Fell”, ele começou “Eu sou Sebastian Verlac…”

“Que ótimo pra você”, Magnus disse gentilmente, e estalou seus dedos uma vez.

Sebastian congelou no lugar, sua boca ainda aberta, a mão parcialmente estendida para cumprimentar.

“Sebastian!” Clary se estendeu para tocá-lo, porém ele estava rígido como uma estátua. Apenas o lento movimento de respiração em seu peito mostrava que ele continuava vivo. “Sebastian?” ela disse, novamente, mas foi sem esperança: ela sabia de alguma forma que ele não podia ver ou ouvi-la. Ela virou-se para Magnus. “Eu não posso acreditar que você fez isso! O que, na Terra, tem de errado com você? Por acaso esse cachimbo derreteu seu cérebro? Sebastian está do nosso lado!”

“Eu não tenho um ‘lado’, Clary querida” Magnus disse com uma baforada do seu cachimbo. “E na verdade, é sua culpa eu tê-lo congelado por um tempo. Você vê, você estava realmente perto de dizer a ele que eu não sou Ragnor Fell”

“Isso porque você verdadeiramente não é Ragnor Fell”

Magnus soprou um fluxo de fumaça da sua boca e considerou-a cuidadosamente através da neblina. “Na verdade”, disse ele, “para todos os efeitos, eu sou.”

A cabeça de Clary tinha começado a doer, quer fosse a fumaça espessa na sala ou o esforço de conter seu impulso irresistível de socar o olho de magnus, ela não tinha certeza. “Eu não entendo. “

Magnus deu um tapinha no sofá ao lado dele. “Vem sentar-se perto de mim e eu vou explicar”, ele pediu. “Você confia em mim, não é?”

Não realmente, Clary pensou. Mas isso novamente, em quem ela confiava? Jace? Simon? Luke? Nenhum deles estava em volta. Com um olhar de desculpas para o Sebastian congelado, ela foi se juntar a Magnus no sofá.

[Traduzido por Equipe IdrisBR. Dê os créditos. Não reproduza sem autorização.]

*Fonte [em ingles] : Cassandraclare.com

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