24.03

Cassie respondeu uma ask em seu tumblr nessa madrugada, falando sobre o que a levou a escrever “The Eldest Curses” que é uma saga voltada para Malec e comenta sobre como as coisas ainda são dificeis hoje em dia para escrever sobre personagens LGBT+. Confira a tradução abaixo:

Malec-go-to-hogwarts: Oi, Cassie. Eu sou fã dos livros desde 2010 e é maravilhoso ver como eles cresceram em termos de popularidade e audiência. Eu adoraria saber se você teve a ideia de escrever “The Eldest Curses” porque Magnus ficou tão popular e com a reação que o pessoal tem dele ou se essa ideia está na sua cabeça desde o início e você decidiu finalmente escrever. Também, eu gostaria de ser pidona e pedir um snippet de “The Lost Book of the White”, preferencialmente com Alec junto…

Eu estava animada para escrever uma história de Magnus e Alec tendo uma aventura e se apaixonando mais ainda por um bom tempo, mas minha habilidade de fazer estava limitada pelo jeito que a publicação e distribuição funcionava lá em 2005, enquanto eu estava inicialmente tentando vender Cidade dos Ossos. Tinha mais resistência a personagens gays em YAs naquele tempo. Um grupo de editoras não quis o livro porque Alec, um personagem gay, estava nele. A página do site da Barnes & Noble para Cidade dos Ossos, tem uma review da Commonsense Media onde eles colocam aviso para “conteúdo sexual” apenas porque tem um personagem gay, mesmo que ele não tenha feito nada sexual. Grandes lojas se recusaram a vender o livro, e grandes clubes de livros infantis passaram direto por ele.

Eu sempre torci para que o sistema mudasse. Conforme os livros foram ficando mais populares, e o tempo passou, eu pude incluir mais de Magnus e Alec conforme a série passava. De fato, a presença deles na história e nas páginas tiveram um crescimento grande em Cidade dos Anjos Caídos, ao ponto que eu recebi críticas daqueles que estavam tristes porque eu escrevi mais sobre Magnus e Alec. Eu lembro que meus livros foram tirados de bibliotecas, que tradutores estrangeiros cortavam cenas de Magnus e Alec; uma vez eu estava parada no meio da rua, pronta para entrar no carro onde eu estava indo falar sobre meus livros quando meu editor veio e me disse que nós não estávamos mais convidados: a escola leu sobre Magnus e Alec e eles não me queriam lá. Ou algumas vezes, se eu estava em uma escola, me pediam para não falar sobre Magnus e Alec enquanto falasse com os alunos.

Eu tentei caminhar uma linha muito cuidadosa, incluindo Magnus e Alec (e depois Aline e Helen) como significantes e importantes personagens, mas ainda cuidando para que escolas, bibliotecas e grupos de leitura não jogassem os livros fora ou trancassem em um lugar onde crianças que mais precisavam ler, não poderiam ter acesso a eles.

Eu me segurava naquela esperança que as atitudes continuariam a mudar, que permitiriam mais liberdade para escrever sobre personagens que realmente representassem a população do mundo em que vivemos (e representassem meus amigos e família, em quem Alec e Helen são especificamente baseados). Esperança de que eu poderia expandir os personagens para personagens como Magnus e Alec, e nesses doze anos – parte porque eu cravei minha carreira de uma forma que consigo ficar bem mesmo com a queda das vendas que resulta de uma inclusão maior de personagens LGBT+, e parte porque tantos outros bravos escritores, leitores, editores e publicadores forçaram essa mudança – eu pude fazer mais e mais.

Enquanto eu estava escrevendo Cidade dos Anjos Caídos, eu propositalmente deixei um espaço onde Magnus e Alec vão viajar, com a ideia de que um dia eu poderia voltar e preencher aquele espaço com uma história focada neles. Por um longo tempo isso não era algo que companhias queriam comprar e publicar. Eu poderia ter publicado por mim mesma, mas eu queria o livro nas estantes das livrarias, na corrida de “best-sellers” com todos os outros livros que eu escrevi, fazendo uma declaração do quanto as pessoas queriam esse tipo de livro e esse tipo de personagem. Eu escolhi escrever a história agora quando eu fiz, porque Simon e Schuster, minha editora, abriu a “Saga Press”, uma editora dedicada para expandir o que você pode fazer no YA e publicar juntamente com fantasia adulta/ficção cientifica. É a Saga que vai publicar “The Eldest Curses”.

Eu pensei muito sobre o que escrever aqui por duas coisas: uma, as pessoas não gostam de ouvir sobre impedir de escrever personagens que não fossem héteros – é depressivo (é sim), parece distante, surreal, o quão velhos esses sistemas e processos de pensamentos podem ser? Nós tivemos livros de sucesso com personagens gays neles! Nós fizemos direito, certo? Eu acho que tudo que posso dizer é que tem um valor em mostrar esse impedimento, porque isso mostra o quão importante é continuar apoiando livros com personagens LGBT+, porque nós ainda não chegamos lá; nós não estamos onde esses livros recebem a mesma atenção e marketing e incentivos como os livros com personagens heteros, e é preciso do apoio de leitores e críticos e livrarias e bibliotecas para nos levar até lá.

Eu também gostaria de dizer que eu sei que vou receber críticas por dizer que tive cuidado no meu jeito de retratar Magnus e Alec até eu sentir que estava em um lugar onde mesmo se eu mostrasse eles fazendo sexo ou ao menos implicasse que fizeram (como foi feito em Cidade dos Anjos Caídos) não significaria ter meus livros tirados de livrarias e colocados com sinais de aviso. Eu acho que só posso dizer que é difícil navegar em uma situação onde você teme que as mesmas crianças que precisam ler sobre Magnus e Alec, não vão poder. Quando você conhece crianças que diz “esse livro salvou minha vida” tantas vezes, e você pensa “Mas e se você não pudesse ler ele? E se a sua escola não comprasse, ou a sua biblioteca, ou as lojas, que em cidades pequenas são o único jeito de ter o livro algumas vezes?” Eu aceito essa crítica. Nós todos encaramos escolhas difíceis na vida e fazemos escolhas complicadas que pensamos que é para o melhor, e ser criticada por essas decisões é parte de viver e aprender.

Eu acho que a outra coisa que eu tenho para dizer é que qualquer porcaria que falaram para mim ao longo dos anos sobre Magnus e Alec, não são nada em comparação com as porcarias que falam para escritores como Malinda Lo e Scott Tracey que estavam escrevendo suas próprias vidas e experiencias na forma dos personagens LGBT+ deles – e como Malinda diz, a dor deles ao confrontar homofobia/bifobia sempre vai ser mais visceral e pessoal que a minha.
Se você for e comprar “The Lost Book of the White” é claro que eu vou estar emocionada, e muito disso vai ser porque é um jeito de mostrar a editoras que esse tipo de conteúdo e esse tipo de protagonistas são desejados pelos leitores. Mas eu só vou estar muito mais emocionada se comprarem qualquer livro de fantasia com personagens LGBT+, escrito por um escritor LGBT+. Tem várias coisas maravilhosas lá e eu espero que vocês explorem isso.

Para saber mais sobre a trilogia “The Eldest Curses“, basta vir AQUI.

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