28.11

Sinopse: Vencedor do concurso Sua história nos 10 anos da Galera traz uma jornada sombria inspirada em A Chapeuzinho Vermelho.

Norina sempre temeu os Indomados, mesmo nunca tendo visto um deles. Criada em um casebre por toda sua vida, a garota os imaginava como monstros, tomados por sua besta interior e abandonados pelos Doze Deuses. Até o dia que sua mãe adotiva, Ros, conta a menina que ela é um deles. Desde então, as cinzas das Domas, rituais onde os Indomados são queimados, são um lembrete constante do perigo que ela e sua mãe correm. A garota precisa continuar escondida. Viira, a Rainha imortal e filha dos Doze Deuses, tem outros planos para Norina e a envolve em uma trama para conquistar Gizamyr, reino dos homens-lobo. Com a mãe em uma masmorra, Norina não tem outra escolha a não ser embarcar para o país inimigo, com a capa vermelha da falecida princesa Mirah, esperando que o plano elaborado pela Rainha funcione. A garota então precisa atravessar um mundo que ela achou que nunca veria, onde aqueles como ela são odiados e mortos todos os dias. Entre ser tratada como escória pelos cavaleiros de Viira e interpretar uma princesa em um delicado jogo diplomático, Norina vai descobrir que abraçar a si mesma pode não ser a escolha mais fácil, mas algumas vezes é a única possível.

Norina é uma garota que passou toda sua vida presa dentro de casa, sempre amparada pela mãe que a criou e que nunca deixou sair e ver as pessoas, mas principalmente ser vista por ela ser uma Indomada, que é alguém que carrega um lobo dentro de si. Em Tergaron, ser indomado é quase como cometer um crime, algo que a Rainha das Rainhas não perdoa e todas as pessoas temem e que a punição é a morte. Então um dia Norina acorda e não encontra sua mãe, Ros, em nenhum lugar dentro do pequeno casebre onde morava, nem nenhuma indicação de onde ela poderia ter ido.

Muito acostumada a viver no mais absoluto silencio, sempre cuidando para não chamar nenhuma atenção para o lugar onde vive nos dias que sua mãe não está em casa, Nor, como é chamada, decide ficar ali para esperar que a mulher apareça novamente, até que, devido a um poder que os Indomados tem, que tem uma certa ligação com as pessoas e conseguem ver dentro da mente delas (mas que conseguem fazer isso em todas as pessoas que tocam também), ela vê que sua mãe na verdade foi levada e está presa pela Rainha das Rainhas, que exige que Norina vá de encontro a ela.

“O fogo dela ardia e o medo pulsava intensamente em seu peito, mas Mirah sentia-se forte como nunca – o lobo dentro dela nunca estivera tão vivo.”

Com medo de sair, mas ainda mais medo que algo aconteça com sua mãe, Norina aceita o pedido da rainha e sai da casa pela primeira vez em anos, experimentando de uma vez só todas as sensações das menores até as mais fortes, cheiros, sons, o frio da neve e se deixa guiar para uma carruagem que a espera para levar até o castelo de Viira. Quando ela chega lá, Viira conta a ela sobre Gizamyr, o lugar onde moram os homens-lobo, outros Indomados como a própria Norina, que não aceitam se curvar aos 12 deuses e nem a ela, ainda tendo as três luas como deuses e que não se deixam governar pela rainha, e fala a ela sobre seu plano.

Anos atrás, durante uma revolução em Gizamyr, a rainha dos lobos junto com sua filha ainda bebê fugiram e foram encontradas mortas em uma embarcação. E Norina, com seus cabelos brancos, parece muito a princesa perdida, Rhoesemina, que eles tanto quiseram ter de volta. A Rainha Viira mostra a ela os corpos, da mãe e do bebe, mantidos conservados por ela e diz para Norina que se a garota aceitar ir com a filha dela, Gilia, se passar pela princesa perdida e convencer o Rei dos Indomados a aceitar a princesa como esposa do filho herdeiro dele, ela a deixaria viver junto com sua mãe e não iria incomodar mais nenhuma das duas.

“Nada nunca mais será como antes depois que eu sair, pensou Nor. Talvez eu nunca mais volte. Era tudo em que conseguia pensar.”

E é aí que a história central de “Sob A Capa Vermelha” começa, com Norina embarcando nessa aventura que ela não faz ideia do que a espera realmente e sente, acima de tudo, muito medo do que pode acontecer com a sua mãe enquanto ela está longe. Eu gostei bastante de Norina, no começo eu confesso que me incomodava um pouco o fato de ela aceitar que todo mundo pisasse nela, apesar de eu entender os motivos dela. Ela foi criada como um monstro a vida inteira, o tempo todo achando que não era merecedora da compaixão e do amor dos 12 deuses, que era indigna, simplesmente por ter nascido como nasceu, como se ela tivesse alguma escolha sobre isso.

Muitas cenas eu senti vontade de entrar no livro e sacudi-la, porque era impossível ela aceitar que a tratassem daquela forma e isso vai bem até pertinho do final do livro, só mesmo lá pelo final que eu pensei “finalmente” quando ela enfim tomou alguma atitude para mudar as coisas e tentar fazer tudo do jeito dela, sem seguir o que mandavam fazer.

“Talvez ela tenha medo que eu a ataque de volta, pensou Nor, e olhou para as mãos trêmulas, repassando o que tinha visto mais uma vez. E por que não teria? Uma vez um monstro, pensou, sempre um monstro.”

Mas teve outros personagens que eu gostei bastante. Eu gostei muito do Sir Rolthan, que é um dos guardas reais que foi estipulado para levar Norina e a princesa Gilia até o reino de Gizamyr. E gostei também da princesa Gilia, porque achei interessante como ela e Norina tinham alguns traços em comum, mas agiam de uma forma completamente diferente uma da outra. Assim como gostei bastante de Viira, daquele jeito que nós gostamos quando um vilão é bom (E, novamente, eu não odeio Norina nem nada parecido, eu realmente entendo o porquê ela é como é, mas que me dava uma agonia danada, me dava).

O que eu mais gostei nesse livro é que, apesar de ser um tema que já foi usado algumas vezes, tanto o fato de serem lobos ou coisas que remetem a uma releitura de “A Chapeuzinho Vermelho”, ou o plot twist (que eu já tinha imaginado que era o que era, não sei se foi a intenção da autora fazer dele um plot twist mesmo ou se era apenas pra ficar subentendido como estava até a grande revelação), a mitologia acerca da história é algo que eu nunca vi antes.

“A fé é uma das coisas mais fáceis de ser abalada quando uma ideia mais atraente surge diante de um fiel indeciso.”

Tudo sobre os reinos, a forma com que a Rainha Viira se transformou em quem ela é no momento do livro, os 12 deuses, as 3 luas, tudo é uma forma muito refrescante de se contar a história, é diferente de tudo que eu já li e eu realmente AMEI a mitologia e poderia ler mais uns dez livros se passando nesse mundo tranquilamente. O que eleva mais ainda todo esse negocio da mitologia é que a autora é brasileira, e é diferente ver uma autora brasileira criando mundos assim tão espetaculares e que chamem bastante a atenção.

E o que eu também gostei muito é que a história em si não é focada em um romance não, o maior amor que vemos nesse livro é o amor de mãe e filhos e dos filhos pelas mães, eu achei isso bem bonito mesmo.

“Você vê, ijiki… Por que devemos assumir que as deusas estão acima de nós? Elas nunca sofreram como nós sofremos, e isso as torna incompletas. Menores. Por não terem sofrido, elas não têm o menor direito de nos punir pelo modo de agir em consequência de nossos sofrimentos, porque não nos entendem. O meu único erro foi fazer justiça com as próprias mãos.”

O que me incomodou um pouco mesmo foi o final, que eu achei que foi um tanto corrido. Enquanto todo o livro parece que demorou um tempo para chegar ali, a conclusão toda é bem corridinha mesmo e, novamente, não sei se foi intenção da autora deixar o final meio aberto para interpretações ou se o que eu imagino que aconteceu ali naquela cena final é realmente o que aconteceu.

Eu indico esse livro para quem está procurando uma releitura nova e surpreendente sobre um conto de fadas, que é vista de uma forma completamente diferente e para quem, como eu, adora novas mitologias apresentadas nos livros.

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1 comentário em “Resenha: Sob a Capa Vermelha – Mariana Vitória”



  1. isa disse:

    esse livro tem romance? Eu queria mt saber mas não achei em nenhum lugar, só sobre a história em si



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