16.07

“Sob a Luz da Escuridão”
Ana Beatriz Brandão
Verus – 2018 – 336 páginas

O mundo não está a salvo dos humanos.

Guerras e destruição, causadas pela ganância de um homem, quase levaram a raça humana à extinção. Com a radiação das bombas nucleares, o DNA humano sofreu mutações e uma nova espécie surgiu: os metacromos, seres especiais, com poderes extraordinários.

Em meio ao caos de um mundo pós-apocalíptico, Lollipop e Jazz são resgatadas do instituto onde eram mantidas prisioneiras. Com as memórias apagadas, elas não sabem por que estavam ali nem quem as libertou. E, enquanto buscam respostas sobre suas origens, só lhes resta lutar pela sobrevivência.

Evan, um vampiro milenar, lidera com mãos de ferro uma das mais poderosas áreas do planeta. Mas quando, por obra do destino, ele reencontra a mulher que pensou estar morta há décadas, tudo desmorona e ele é obrigado a enfrentar o passado.

Ana Beatriz Brandão apresenta um mundo totalmente novo ao leitor em Sob a luz da escuridão. A raça humana não é mais a mesma, novas espécies foram criadas e agora é cada um por si. Uma história eletrizante, cheia de ação, tensão e romance, que vai provocar fortes emoções no leitor.

Prepare-se e escolha seu lado nessa guerra: você é um metacromo ou um Deles?

Desde que eu descobri esse livro fazendo a coluna de novidades literárias nacionais de junho (você pode ler clicando AQUI), eu soube que queria lê-lo por diversos motivos: gosto de estórias apocalípticas, gosto de vampiros, gosto de superpoderes e também acredito que precisamos ler mais os autores nacionais. Acho natural você gostar de um tipo de leitura e se fixar nela, mas também acho importante abrir espaço para novos autores e novos gêneros literários (coisa que tento fazer com a coluna de Lançamentos Literários brasileiros, sempre misturando diversos gêneros) e por isso, esse ano li bastante livros bem diversos em seu enredo, como também li bastante autores brasileiros, coisas que não faço normalmente.

Quando comecei “Sob a Luz da Escuridão”, confesso que acreditei que seria um livro que ia me deixar completamente alucinada por ele e apaixonada. A leitura é muito fácil, do tipo que prende, e a introdução é super mega acelerada: Somos apresentados a Lollipop, uma das protagonistas, que está fugindo de um lugar que não entendemos realmente bem. Logo ela encontra com um homem chamado Chris em uma cena de ação, e somos também apresentadas a outra protagonista, Jessica – Jazz.

A partir dai, entendemos que o mundo que estamos conhecendo é pós-apocalitico, aonde as 3º e 4º Guerras Mundiais já aconteceram e já acabaram, deixando uma sociedade despedaçada que vive basicamente em tribos, além de ter feito alguns humanos desenvolverem habilidades especiais: os chamados metacromos – ou singulares. Claro que nessa luta, a humanidade havia perdido a sua compaixão e empatia, aonde a lei do mais forte imperava e por isso Chris passa a treinar Lollipop para se tornar sua “herdeira” do comando do seu clã. Acho que até aqui é tudo que posso falar sem ser um spoiler real do enredo do livro.

Assim foi criado o mundo em que vivíamos: as pessoas matavam por nada e brigavam por tudo. O planeta tinha sido tomado pelo caos. O que tínhamos a perder? Ninguém poderia nos castigar, e sentir medo da morte era para os fracos. Aliás… o medo era um sentimento quase inaceitável. Quem tivesse não sobreviveria uma semana sequer naquele lugar.

As duas protagonistas encontram o vampiro secular Evan e seu “filho”, Sam. No universo de “Sob a Luz da Escuridão”, vampiros não são seres mitológicos: eles eram humanos comuns que também sofreram mutações, tornando-se dependentes de sangue e ganhando a imortalidade. Não tive problemas com essa mudança, o que me incomodou zero. Lollipop e Jazz tem poderes também, os quais elas ainda estão descobrindo basicamente junto com os leitores, entendendo a dinâmica entre as duas de irmã mais velha e mais nova – ou até mesmo em momentos beirando a um relacionamento mãe/filha. São personagens bastante distintas entre si, que tem uma dinâmica forte e que se completam, coisa que eu realmente gostei e investi, sendo que o mesmo acontece quase espelhadamente entre Evan e Sam: são opostos, com Sam diversas vezes assumindo o papel de “pai”, até mais do que Evan com ele.

Era engraçado como Evan sempre queria agir como o super-herói indiferente e, no final, deixava tão aparente seu desgosto pela ingratidão de todos que a imagem de inatingível ia por água abaixo, fazendo-o perder a razão e o equilíbrio. E a pessoa responsável pelo que estava acontecendo sabia disso muito bem. Ela parecia conhecê-lo. E isso certamente não era um bom sinal.

Voltando um pouco, quando iniciei a história, eu fui fisgada completamente. A forma como a autora introduz o universo, a reflexão… wow! Eu realmente estava afim de descobrir aquele universo e saber aonde as protagonistas nos levariam e repito: o ritmo acelerado da estória também me pegou porque foi pontuando a passagem do tempo, e em menos de 50 páginas muita coisa já tinha acontecido. Quando Lollipop e Jazz enfim precisam se virar naquele universo, quando eu acreditei que elas iriam mostrar o potencial e aonde tudo iria culminar, chegou o romance. E ai a coisa desandou pra mim.

As 4 personagens centrais funcionam sozinhas muito bem, são bem escritas dentro de suas propostas, mas quando se formam os casais, se tornaram pequenos: Sam, que tem tudo pra ser um personagem adorável e que você quer saber mais sobre, se transforma em um adolescente que precisa dar toda segurança do mundo pra garota que ele está se apaixonando, enquanto Jessica se descobre não querendo estar apaixonada. Já o outro par central… me falta palavras pra falar da instabilidade que eles passam, e eu entendo que eles tem todo um longo passado para resolverem (faz parte do enredo do livro, coisa que eu também gostei porque mostra que o mundo que eles vivem também possui muito para se ser descoberto ainda) mas se torna enfadonho e dá a sensação de que eles estão andando em círculos, sensação que eu não tinha sentido nesse livro até cair nessa dinâmica. Foi frustrante e talvez o problema seja comigo que não goste de romances onde os personagens ficam batendo cabeça eternamente tentando saber quem é o mais teimoso e impulsivo.

Não eram planos exatamente normais, mas, afinal, desde quando nós éramos um casal como qualquer outro? Éramos incomuns, instáveis e excêntricos, mas e daí?
Ele era meu. Eu era dele. E isso era tudo o que importava.

No final, eu me senti frustrada porque quando o clímax do livro chegou, eu já estava saturada do romance e querendo que eles dois ficassem separados, mas, novamente, faço uma autocritica aqui: eu provavelmente não sou a melhor pessoa para falar sobre o romance central porque eu realmente não gosto de casais que funcionam assim. Acredito que nesse caso, cada um tem que ler e chegar a sua conclusão sozinho porque minha opinião não vai ser de grande ajuda.

O livro termina com um grande final em aberto e deixa muita, muita coisa sem explicação, provavelmente esperando suas sequências. Apesar de não ter gostado dos relacionamentos de “Sob a Luz da Escuridão”, eu ainda quero saber como que aquele mundo vai se desenvolver e aonde tudo terminará. Fico com o começo do livro e sua reflexão com aquele jogo de significado das palavras maravilhoso, coisa que me encantou e me fez ter fé em continuar a leitura, além de afirmar que lerei a continuação. E ah, pra você que lê essa resenha: leia mais autores nacionais. Eles precisam de nosso apoio!

Não nos programamos para a morte. Ela é previsível, embora sua chegada seja imprevisível.

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Submarino, por R$ 34,90.

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