11.06

Sinopse: “Cadê vocês? Me respondam.”

Essa foi a última mensagem que Carver mandou para seus melhores amigos, Mars, Eli e Blake. Logo em seguida os três sofreram um acidente de carro fatal. Agora, o garoto não consegue parar de se culpar pelo que aconteceu e, para piorar, um juiz poderoso está empenhado em abrir uma investigação criminal contra ele. Mas Carver tem alguns aliados: a namorada de Eli, sua única amiga na escola; o dr. Mendez, seu terapeuta; e a avó de Blake, que pede a sua ajuda para organizar um “dia de despedida” para compartilharem lembranças do neto. Quando as outras famílias decidem que também querem um dia de despedida, Carver não tem certeza de suas intenções. Será que eles serão capazes de ficar em paz com suas perdas? Ou esses dias de despedida só vão deixar Carver mais perto de um colapso — ou, pior, da prisão?

Eu passei um bom tempo pensando no que escrever nessa resenha, porque eu não acho que tem um sentimento apenas que possa descrever o que eu senti enquanto lia esse livro. Teve várias passagens que me fizeram chorar e muitas outras que me fizeram pensar. O quanto você é culpado em algo quando você não tem realmente a intenção de machucar alguém, mas sabe das possíveis consequências e ainda assim faz o que faz?

O livro conta a história de Carver (ou Blade, como os melhores amigos o chamam), um adolescente que estuda na Academia de Artes de Nashville para ser um escritor e foi lá que ele conheceu o resto da “Trupe do Molho”, como eles costumam se chamar: ele, Eli, Mars e Blake, do momento que se conheceram, se tornaram inseparáveis e como o próprio Carver afirma no livro, ele sabe que não conheceu eles a vida inteira, mas não consegue lembrar como a vida era antes de conhecer os outros. Mas com o terrível acidente que aconteceu, Carver agora vai ter que aprender a viver novamente sem eles.

É como aquela vez em que eu estava cortando cebola para ajudar minha mãe na cozinha. A faca escorregou e cortei minha mão. Houve uma pausa no meu cérebro, como se meu corpo precisasse entender que eu tinha me cortado. Eu sabia duas coisas naquele momento: 1) senti apenas um golpe rápido e um latejar incomodo. Mas a dor estava vindo. E como estava. E 2) eu sabia que, em um segundo ou dois, estava prestes a chover sangue em cima da tábua de bambu favorita da minha mãe. (…) Então fico sentado no velório de Blake Lloyd e espero a dor. Espero começar a sangrar por todo canto.

As coisas não são facilitadas com o fator de que ele pode em partes ter culpa pelo acidente que tirou a vida de seus três – e únicos – melhores amigos. Juntando isso a irmã gêmea de Eli e ao pai de Mars (que é um juiz muito respeitado na cidade) que parecem ter certeza absoluta de que ele tem sim culpa e precisa pagar pelo que fez, se abre uma investigação sobre o acidente porque ele pode ser condenado por “homicídio negligente” que é quando ele sabia que a ação dele podia ter consequências drásticas, apesar de não ser essa intenção, e ainda assim ele fez o que fez (aqui no Brasil o “homicídio negligente” se encaixa no que chamamos de homicídio culposo).

Carver começa a desenvolver ataques de pânico por conta de toda a dor do luto, a culpa que o consome e a solidão que ele se vê prestes a enfrentar no ultimo ano na Academia de Artes, agora que ele não tem ninguém lá, além de Jesmyn, a namorada de Eli, que parece ser a única pessoa que a irmã gêmea de Eli não conseguiu envenenar contra ele e fazer acreditar que ele seja culpado. Eles dois se aproximam no momento da dor do luto e começam a desenvolver uma amizade, apoiando um ao outro e ajudando bastante no momento difícil que eles estão passando.

Além dela, Carver também conta com a avó de Blake, que se chama Betsy, que no meu ponto de vista é de quem Carver era mais amigo dos três, que não o culpa por nada e é ela que vem com a ideia de fazerem um dia de despedida para Blake. Fazer várias coisas que sabiam que o garoto gostava de fazer, conversar e lembrar sobre ele para então deixarem o luto se encerrar.

Ausências dão a sensação de perda. Perda dá a sensação de luto. Luto dá a sensação de culpa. Culpa é uma angustia escarlate.

Carver passa a consultar com um psicólogo para lidar melhor com seus ataques de pânico e com seu luto, onde seu psicólogo tenta fazer com que ele escreva novas historias, todas elas fazendo com que ele mostrasse que não tinha culpa nenhuma no acidente que tirou a vida de seus amigos, mas que outras pessoas que não existiam, eram as verdadeiras culpadas.

Então, depois de uma conversa com o psicólogo sobre se deve aceitar ou não fazer esse dia de despedida, Carver resolve aceitar e vai passar o tempo com a avó do melhor amigo dele. Eles conversam, trocam segredos sobre a vida de Blake e fazem tudo que achava que o garoto, que vivia fazendo pegadinhas para os outros rirem, ia gostar de fazer, carregando nisso toda a carga emocional que tem se despedir de uma pessoa que se ama tanto assim.

Os pais de Eli, ao ficarem sabendo do que eles fizeram e como isso pareceu ajudar a avó de Blake, resolvem chamar Carver para fazer o mesmo junto com eles, além de chamarem também Jesmyn para participar da despedida de Eli. E não muito depois disso o pai de Mars, o juiz que tanto odeia Carver agora, decide que também quer um dia para se despedir do filho e chama Carver para participar, o que foi um dos momentos que eu realmente achei que foi triste demais.

Ouvi dizer que pessoas que perderam um membro do corpo têm um “membro-fantasma”, que coça e sente dor como se o corpo tivesse esquecido que ele não está mais lá.
Eu tenho uma trindade de fantasmas.

Tem outros personagens que valem a pena ser mencionados também: o psicólogo de Blake, o dr. Mendez é definitivamente uma das partes que eu mais gostei, todas as cenas dele com Blake e as conversas que eles tinham, sempre davam mais o que pensar. E também a irmã mais velha de Blake, Georgia, que não aparece tanto porque um pouco depois do inicio do livro – que é quando as aulas voltam – ela volta para a faculdade que fica em outra cidade, mas ela também é uma personagem maravilhosa.

O universo e o destino são cruéis e aleatórios. As coisas acontecem por inúmeros motivos. Acontecem sem motivo nenhum, carregar nas costas o fardo dos caprichos do universo é demais para qualquer pessoa.

Durante muitas partes do livro eu não conseguia deixar de sentir um pequeno caroço na minha garganta, porque as cenas das despedidas eram muito carregadas de sentimento realmente e acho que todo mundo que já perdeu alguém e que não teve exatamente a chance de se despedir, vai se sentir também bastante tocado pelas cenas, pela forma como foi escrita e elaborada, uma bem diferente da outra.

Algo que não posso deixar de destacar é que, conforme o livro vai passando, nós vamos entendendo bastante sobre a amizade da “Trupe do Molho”, não é algo que simplesmente foi jogado ali e nós temos que ver o protagonista sofrendo sem entender o porque. Têm muitos flashbacks onde mostram a amizade deles e o quanto os três eram importantes pra ele.

Conto que acredito que somos histórias de respiração e sangue e memória e que algumas coisas nunca terminam de verdade.

O final do livro também não é algo que podemos dizer que foi “conclusivo” até porque o luto em si é algo que não podemos determinar exatamente quanto tempo vai durar. Por isso, enquanto algumas coisas foram respondidas no livro mesmo, outras ficaram em aberto, deixando margem para nossa imaginação do que seria o futuro a partir dali.

Eu gostei bastante do livro num todo, até mesmo com o final sendo como foi – porque é algo que muitas vezes me incomoda quando um livro não tem um “fim”, como não parece que conclui aquilo, mas aqui nesse caso, eu achei que foi algo muito bem colocado realmente. E eu indico bastante para quem gosta de uma leitura mais sobre coisas sentimentais e sobre perda, esse livro é muito bom e toca no assunto do luto de uma forma muito bonita e delicada, mostrando todas as faces desse sentimento.

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